São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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LUÍS NASSIF

A revolução do "home care"


Considerado o modelo mais eficaz para barateamento da saúde, o "home health care" (internação em casa) começa a se organizar no Brasil também. É um sistema mais barato, mais humano, evita a proliferação de infecção hospitalar e é elemento essencial na chamada "deshospitalização" -a tendência mundial de reduzir o número de hospitais.
Essa nova indústria tem inúmeras facetas. De um lado, há a indústria de equipamentos, respiradores, camas, suporte de soro, oxigênio etc. De outro, a mão-de-obra que precisa ser treinada, de enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos.
Nos últimos anos, houve avanços tecnológicos expressivos. Hoje em dia, existem equipamentos plugados ao telefone que podem ser acionados remotamente por botão, acoplados à pulseira dos pacientes. Acionado o botão, a central é comunicada e providencia socorro imediato.
Entre os equipamentos domiciliares, há dispensários de medicamentos, que são programados de maneira que, na hora de tomar cada remédio, abre-se uma gaveta com a dose recomendada. Se em 15 minutos o remédio não é utilizado, a central é informada.
Também é possível fazer exames via rede de dados, não apenas eletrocardiogramas, mas também verificação de glicose -feita a dosagem, os resultados são plugados no telefone, via Internet.
A maior tecnologia, no entanto, é a montagem do modelo gerencial, que permita conferir ao paciente o mesmo atendimento de um hospital. Todo esse aparato visa apenas dar uma retaguarda ao médico do paciente -o responsável final por seu atendimento.
As principais patologias indicadas para o "home care" são as infecções respiratórias, câncer, AVCs (derrames) e pós-operatórios.

Experiência nos EUA
Nos Estados Unidos, esse conceito avançou substancialmente na década de 60, como alternativa para os altos custos de internação hospitalar e pela redução dos índices de infecção hospitalar.
Hoje em dia, mais de 20 mil provedores atendem a aproximadamente 8 milhões de pessoas/dia. Em geral, o sistema é utilizado para atendimento de patologias agudas, visitas, prevenção e tratamento de doenças crônicas, cuidados de longa permanência, inaptidão permanente ou enfermidade terminal. Em 1998 esse mercado faturou US$ 42 bilhões e representou 4% do mercado de saúde americano.
O conceito já era conhecido dos americanos. Explodiu quando o Medicare (serviço de cobertura de saúde federal dos EUA) incluiu os serviços de "home care" em sua cobertura. Atualmente, todos os seguros e planos de saúde oferecem esse tipo de cobertura nos EUA.
Os números do avanço do conceito são expressivos. Segundo levantamentos de empresas que atuam no Brasil, 38,5 milhões de idosos e inválidos participam do programa de Medicare. Para o período de 1990 a 1997, o Medicare aumentou as despesas de US$ 3,9 bilhões para aproximadamente US$ 17,2 bilhões. O número de visitas saltou de 70 milhões em 1990 para 270 milhões em 1997.
Nos próximos meses, haverá a necessidade de uma regulamentação ampla do Ministério da Saúde, para que o novo modelo possa se desenvolver.

E-mail: lnassif@uol.com.br


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