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LUÍS NASSIF
A revolução do "home care"
Considerado o modelo mais
eficaz para barateamento da
saúde, o "home health care"
(internação em casa) começa a
se organizar no Brasil também.
É um sistema mais barato, mais
humano, evita a proliferação de
infecção hospitalar e é elemento
essencial na chamada "deshospitalização" -a tendência
mundial de reduzir o número
de hospitais.
Essa nova indústria tem inúmeras facetas. De um lado, há a
indústria de equipamentos, respiradores, camas, suporte de soro, oxigênio etc. De outro, a
mão-de-obra que precisa ser
treinada, de enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos.
Nos últimos anos, houve
avanços tecnológicos expressivos. Hoje em dia, existem equipamentos plugados ao telefone
que podem ser acionados remotamente por botão, acoplados à
pulseira dos pacientes. Acionado o botão, a central é comunicada e providencia socorro imediato.
Entre os equipamentos domiciliares, há dispensários de medicamentos, que são programados de maneira que, na hora de
tomar cada remédio, abre-se
uma gaveta com a dose recomendada. Se em 15 minutos o
remédio não é utilizado, a central é informada.
Também é possível fazer exames via rede de dados, não apenas eletrocardiogramas, mas
também verificação de glicose
-feita a dosagem, os resultados
são plugados no telefone, via Internet.
A maior tecnologia, no entanto, é a montagem do modelo gerencial, que permita conferir ao
paciente o mesmo atendimento
de um hospital. Todo esse aparato visa apenas dar uma retaguarda ao médico do paciente
-o responsável final por seu
atendimento.
As principais patologias indicadas para o "home care" são as
infecções respiratórias, câncer,
AVCs (derrames) e pós-operatórios.
Experiência nos EUA
Nos Estados Unidos, esse conceito avançou substancialmente na década de 60, como alternativa para os altos custos de
internação hospitalar e pela redução dos índices de infecção
hospitalar.
Hoje em dia, mais de 20 mil
provedores atendem a aproximadamente 8 milhões de pessoas/dia. Em geral, o sistema é
utilizado para atendimento de
patologias agudas, visitas, prevenção e tratamento de doenças crônicas, cuidados de longa
permanência, inaptidão permanente ou enfermidade terminal. Em 1998 esse mercado
faturou US$ 42 bilhões e representou 4% do mercado de saúde americano.
O conceito já era conhecido
dos americanos. Explodiu
quando o Medicare (serviço de
cobertura de saúde federal dos
EUA) incluiu os serviços de "home care" em sua cobertura.
Atualmente, todos os seguros e
planos de saúde oferecem esse
tipo de cobertura nos EUA.
Os números do avanço do
conceito são expressivos. Segundo levantamentos de empresas
que atuam no Brasil, 38,5 milhões de idosos e inválidos participam do programa de Medicare. Para o período de 1990 a
1997, o Medicare aumentou as
despesas de US$ 3,9 bilhões para aproximadamente US$ 17,2
bilhões. O número de visitas
saltou de 70 milhões em 1990
para 270 milhões em 1997.
Nos próximos meses, haverá a
necessidade de uma regulamentação ampla do Ministério
da Saúde, para que o novo modelo possa se desenvolver.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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