São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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NEGÓCIOS

Empresa afirma que quitará dívida até 2010; valor mínimo que deverá ser pago é US$ 100 milhões

Grupo Orsa compra o complexo do Jari

Folha Imagem
Sérgio Antônio Garcia Amoroso, presidente do Grupo Orsa, anuncia os planos para o complexo do Jari, adquirido nesta semana


RUI DA SILVA SANTOS
da Reportagem Local

A empresa Saga Investimentos e Participações, holding que controla o grupo Orsa, assumiu o controle do complexo do Jari, na divisa do Amapá com o Pará. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do grupo, Sérgio Antonio Garcia Amoroso.
A Saga desembolsou o valor simbólico de R$ 1, comprometendo-se a abater, no mínimo, US$ 100 milhões da dívida do complexo, estimada em US$ 410 milhões.
Pelos planos da empresa, a dívida deverá ser paga até 2010 por meio da transferência gradual de recursos para os credores.
Amoroso afirma que foram feitas duas projeções para prever o quanto o Jari poderia pagar, baseadas na variação do preço da celulose no mercado internacional.
"A projeção mais conservadora estima que, no fim de 11 anos, o Jari terá pago US$ 196 milhões aos credores. Nossa estimativa é que, nesse período, pagaremos US$ 308 milhões."

Investimentos
No total, serão investidos mais de US$ 200 milhões em quatro áreas de atuação. A primeira área de investimentos será a vegetação nativa, que cobre cerca de 1,3 milhão de hectares.
Nessa área, haverá estudos para poder acelerar o crescimento das árvores da região, que inclui a conservação e o uso sustentado da matéria-prima para a produção de celulose.
A área total do complexo do Jari é de 1,6 milhão de hectares (16 mil km quadrados, ou 11 vezes o município de São Paulo).
O segundo destino dos investimentos irá para melhoria na fábrica e na produção de eucaliptos, que cobre uma área de 300 mil hectares.
Nas duas primeiras áreas, são previstos investimentos de US$ 54 milhões, que deverão ser completados até 2000.
A terceira área de investimentos é a construção da usina hidrelétrica Santo Antônio, com potencial estimado de 200 MWh, que demandará investimento de US$ 150 milhões. A Saga pretende construir a usina associada a empresas do setor elétrico.
A construção da hidrelétrica estava prevista no projeto original do Jari, mas nunca saiu do papel. A previsão para início da construção é daqui a quatro meses, e a construção será feita em três anos.
A Orsa também pretende investir na área social, por meio de sua fundação: 1% do faturamento do Jari será destinado à educação, saúde e saneamento básico da população local.

Recuperação
Para Amoroso, o fracasso do projeto Jari se explica pela falta de planejamento e de estudos adequados de aproveitamento dos recursos da região.
O projeto, que foi criado no início da década de 70 (leia texto abaixo) para ser um grande centro produtor de produtos agropecuários, foi concebido pelo americano Daniel Ludwig.
De 1982 a 1996, a empresa apresentou lucro contábil somente uma vez, em 1994. Em 1996, ela suspendeu o pagamento da dívida, estimada em US$ 340 milhões, e começou a renegociá-la com os principais credores.
Nos últimos anos, a produção do Jari estava se recuperando. Para este ano a produção prevista é de 295 mil toneladas de celulose.
A venda foi intermediada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que, com o Banco do Brasil, é o maior credor do Jari.
Com a aquisição, o grupo Orsa passa a ser o sócio majoritário, com 96% das ações ordinárias (com direito a voto), o que representa 33% das ações totais do Jari.




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