São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VAREJO

Compras realizadas ontem não devem alterar as previsões dos lojistas

Pessimismo cai um pouco nas vendas do domingo pré-Natal

Almeida Rocha/ Folha Imagem
Consumidores no shopping Interlagos; vendas de ontem não devem alterar previsões dos lojistas


ADRIANA MATTOS
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o bastante para as lojas ganharem algum fôlego, mas só. As vendas no último final de semana antes do Natal em nada alteraram as previsões de resultado do varejo no período.
Produtos como brinquedos chegaram até mesmo a ser entregues pelos fabricantes às lojas na madrugada de sábado (dia 21), mas o que ainda há é um discreto otimismo entre os comerciantes.
A Arapuã, por exemplo, informou ontem que espera expansão real de 2% a 3% na receita neste Natal, mesma taxa prevista no início da semana. "É bom não se enganar: movimento nas lojas nem sempre se traduz em vendas", disse Marcelo Miranda, diretor da área de crédito da rede, com 90 lojas no Brasil.
"A impressão que temos é que, desde 1998, todos os Natais são iguais. O consumidor deixa para a última hora, a loja fica cheia, vendem-se itens baratos e a receita real cresce pouco."
Pelas principais ruas do comércio de São Paulo, foi constatado elevado movimento, principalmente no sábado, como é natural nesta época do ano.
O movimento foi até mesmo superior ao apurado em igual período de 2001, segundo os supermercados ouvidos pela Folha. Porém, a questão é saber se isso irá resultar em aumento real de receita (após descontada a inflação).

Hoje pode ser bom dia
A Fecomércio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) leva esse aspecto em consideração. Por isso, ainda crê na alta de 3,5% nas vendas reais neste Natal em relação ao de 2001, um ano fraco, com queda de 10%. No Estado de São Paulo, a primeira semana do mês registrou aumento de 6,4% nas vendas; na segunda semana, de 5,2%.
Segundo o Magazine Luiza, o volume de vendas registrado ontem deve ser inferior ao de sábado. Os números fechados serão divulgados pelas entidades do setor somente na quinta-feira.
"Sábado foi muito bom. E a segunda-feira (hoje) deve ter um dos melhores resultados da semana, que pode dar alguma folga para nós. Hoje (ontem) foi mais fraco", diz Sheyla Borges, gerente de loja do Magazine Luiza.
De acordo com a direção da Estrela, maior fabricante de brinquedos do país, a empresa vendeu 5% acima do verificado no Natal de 2001, mas isso não quer dizer que o faturamento irá disparar.
"O que se vendeu foram produtos com preço médio (gasto por compra) de R$ 30. Mudamos um pouco o foco de produtos da empresa, concentrando-o mais em itens populares", afirmou Carlos Tilkiam, presidente da empresa.

Não sobrou nem faltou
A Abrinq (Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos) recebeu relatórios de movimento nas lojas -fornecido por "espiões", funcionários contratados para passar informações sobre como está o dia-a-dia nas lojas.
"Não sobrou produto, mas também não chegou a faltar. Isso quer dizer que não houve uma corrida desesperada às lojas, mas ocorreram as já naturais compras de última hora", explicou Synésio da Costa, presidente da entidade.
Ele estima expansão de 15% nas vendas do setor neste Natal. Essa alta foi obtida, em parte, graças ao movimento de entregas de última hora. "Entregamos produtos até na madrugada de sábado. Eram itens que o varejo resolveu pedir em cima da hora e a indústria tinha em estoque", afirmou Costa.
O preço médio da indústria de brinquedos subiu um pouco -de R$ 58 em 2001 para R$ 65 em 2002, mas parte do ganho -expansão de 12%- será comido pela inflação, que disparou no final do ano. No acumulado do ano até a segunda prévia (preços coletados entre os dias 21 de novembro e 10 de dezembro), o IGP-M registra taxa de 24,72%.
Apesar de ainda não ter finalizado o balanço do último fim de semana, a rede Plaza (shoppings Paulista, West Plaza e Plaza Sul) estima encerrar o período de Natal com crescimento de 13% nas vendas em relação ao ano passado -antes, a previsão era de aumento máximo de 10%.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.