São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

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ESTÍMULO

Queda média deve ser de 1 ponto percentual, para estimular investimento em infra-estrutura e inovação; Mantega comemora TJLP

BNDES anuncia redução dos "spreads"

Sergio Lima - 9.nov.05/Folha Imagem
O presidente do BNDES, Guido Mantega, que anunciou redução do "spread' praticado pelo banco


LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Guido Mantega, anunciou ontem a redução média de um ponto percentual nos "spreads" cobrados pelo banco. O banco fez uma revisão de suas políticas operacionais, que vão favorecer prioritariamente, com custos mais baixos, setores que investirem em inovação, infra-estrutura e energia.
"O BNDES está fazendo a revisão de suas políticas operacionais para contribuir de forma mais expressiva para o processo de desenvolvimento econômico em curso no país", afirmou Mantega.
"Spread" é a diferença entre o custo de captação dos recursos e o que o banco cobra para emprestá-los. No caso do BNDES, o custo é o da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que está em 9%. Com o "spread", o banco cobre suas despesas, tributos e dividendos. Além disso, há também um "spread" de risco, taxa que contabiliza um eventual calote.
Somadas a redução da TJLP (anunciada em Brasília também ontem) e o corte nos "spreads" do BNDES, o custo de um empréstimo no banco para aumentar a capacidade produtiva de uma empresa de grande porte, sem incentivos regionais, será reduzido em 12%. Nesse exemplo, o custo financeiro cai de 14,25% para 12,5%. Segundo Mantega, a decisão vai impulsionar a competitividade das empresas brasileiras no exterior. A mudança no "spread", porém, varia de acordo com o setor. As quedas vão de 0,5 ponto percentual a 1,2 ponto percentual. Nas linhas mais comuns de financiamento, a média da redução está em um ponto percentual.
A faixa classificada como AA, por exemplo, não tem mais "spread" básico (é 0%). Nesse caso, estão as empresas que investirem em bens de capital com inovação. Como são consideradas prioritárias pelo banco, pagarão uma taxa de juros fixa de 6%.
Em todos os outros casos, o custo dos empréstimos leva em conta a soma da TJLP com o "spread" básico e o "spread" de risco.
Os setores da faixa A, como o de bioeletricidade, terão um "spread" básico de 1%. Os da faixa B, como o de ferrovias e portos, terão 1,5%. Na faixa C, com 2%, estão empresas de petróleo e gás, por exemplo. As empresas da faixa D continuam pagando 3%. É o caso de investimentos em telecomunicações. Já no caso do "spread" de risco, houve uma reintrodução de faixas. Antes, a taxa era fixa em 1,5% para qualquer empresa. Com as mudanças, as taxas variam de 0,8% a 1,8%.
Todas essas mudanças serão implementadas imediatamente no BNDES, mas dependem de alguns ajustes, como a definição, por meio de normas técnicas, do que é considerado inovação.
Mantega afirmou que a redução dos "spreads" é possível a partir do lucro recorde obtido pelo banco. Neste ano, a previsão é superar R$ 2 bilhões, valor considerado expressivo. Além disso, explicou Mantega, a taxa média de inadimplência do banco é pequena, em torno de 0,5%.
A melhoria nas condições de financiamento deve estimular os investimentos, mas não há uma estimativa desse incremento. O orçamento do banco para 2006, segundo Mantega, é de R$ 60 bilhões. O valor é igual ao inicialmente previsto para este ano, que não se concretizou. A previsão é fechar 2005 com R$ 50 bilhões de empréstimos -eram R$ 46 bilhões até ontem.

TJLP
Sobre a queda da TJLP, Mantega se disse satisfeito com a redução de 0,75 ponto percentual, embora tenha defendido em muitas ocasiões um corte de 1,5 ponto percentual pelas autoridades monetárias. "Estou bastante satisfeito com a redução. É uma importante sinalização do governo para estimular os investimentos no país."
Ontem, Mantega falou três vezes sobre o assunto, por telefone, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também esteve em contato com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e recebeu cumprimentos de ministros como o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan.
Anteontem, Mantega se reuniu reservadamente com Lula, Palocci e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O teor da reunião girou em torno das reduções da TJLP e dos "spreads".


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