São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

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ANÁLISE

Inflação dará trégua em 2006

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central cumprirá seu objetivo. Manteve a inflação dentro do intervalo estipulado pelo governo, ainda que à custa de redução do crescimento.
Não faltarão críticas ao desempenho do BC. Afinal, não há como negar que a economia encolheu no terceiro trimestre, em grande parte por conta da elevação dos juros promovida para tentar levar a inflação para perto da meta de 5,1%. A política monetária tem sempre custos. Se ela é muito frouxa, o custo é mais inflação. Se apertada demais, gera retração.
A sintonia fina entre os dois aspectos não é fácil. Os defensores do BC dirão que é difícil acertar no alvo e saber, a priori, qual será a reação exata da economia às alterações dos juros. Em 2004, a inflação foi de 7,6%; neste ano, deve ficar em torno de 6%. Em 2006, a meta é 4,5%. Novamente, o BC precisa que a taxa registre queda de 1,5 ponto percentual.
O fará apertando os juros? Não. O cenário para inflação será bem mais tranqüilo. A trajetória, agora, já é de queda. As expectativas dos analistas de mercado giram em torno de 4,6%. Um trunfo para o BC, pois são justamente essas expectativas que acabam fazendo a inflação acabar convergindo para taxa próxima à esperada.
Além disso, os preços administrados, que têm sido a pedra no sapato da autoridade monetária desde o início do sistema de metas de inflação, darão folga em 2006.
Ou seja, 2006 será um ano que carregará menos "memória inflacionária" de 2005. Se nenhuma grande tragédia no cenário internacional exigir um aperto do BC, é bem provável que a inflação não seja um problema tão persistente quanto foi em 2005 e que os juros continuem caindo até o final do ano, abrindo caminho para que a economia cresça um pouco mais rápido. (MARCELO BILLI)


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