São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

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GADO DOENTE

Ministério e governo paranaense divergem sobre existência ou não de foco de aftosa em fazenda do Estado

Impasse leva PR a pensar em abater gado

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O governo Paraná cogita abater o gado confinado na fazenda Cachoeira, no norte do Estado, para acabar o impasse com o Ministério da Agricultura sobre se há ou não um foco de febre aftosa no rebanho paranaense.
O governo do Paraná e pecuaristas não reconhecem o foco de aftosa no Estado. Chegaram a ameaçar o ministro Roberto Rodrigues e o Ministério da Agricultura de processo pelo anúncio e se recusavam, até o momento, a realizar a limpeza sanitária necessária para eliminar a possível presença do vírus na fazenda.
A hipótese de sacrificar os 2.212 animais na fazenda, que fica em São Sebastião da Amoreira (537 km de Curitiba), foi confirmada pelo secretário da Agricultura, vice-governador Orlando Pessuti.
"O governador Roberto Requião (PMDB) já disse que o Estado poderá adotar uma medida prática, que pode ser o sacrifício dos animais, se isso fizer com que nossa agropecuária pare de sofrer as conseqüências da confirmação do foco", disse Pessuti.
O abate imediato passou a ser defendido pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) e pela Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), por produtores de leite e por sindicatos da indústria da carne e de criadores de frango e suíno no Estado. Esse setores vêm tendo prejuízos com o impasse.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Mene Ruiz, disse que o prejuízo moral do reconhecimento da doença pelo Estado é maior que o econômico. Ele é contra o abate.
Na próxima terça-feira, o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) vai enviar técnicos de seu ministério ao Paraná para apresentar as razões da confirmação da doença.
Rodrigues afirmou ontem que não existe a possibilidade de o governo federal recuar na sua posição após confirmar foco de febre aftosa no Paraná, como quer o governo do Estado.
"O foco já foi reconhecido e anunciado para a OIE [Organização Mundial de Saúde Animal] e União Européia", disse Rodrigues, que completou que a decisão foi tomada em razão de questões técnicas.
O ministro disse que a decisão da UE de não ampliar o embargo às carnes brasileiras é um reconhecimento de que as ações foram corretas. Rodrigues disse que o objetivo agora é buscar mecanismos para agilizar o processo de abertura do Estado.




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