São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Negociadores querem Doha até janeiro

DE GENEBRA

Pode até ser uma cortina de fumaça para ocultar o pouco avanço obtido nas negociações da Rodada Doha em 2007. Mas os últimos dias do ano foram de intensa movimentação diplomática em Genebra para preparar o terreno do que virá em 2008, quando a OMC espera romper o impasse atual rumo à conclusão da Rodada, com mais de três anos de atraso.
Além do alto nível de atividade na OMC, confirmado pelo diretor-geral da organização, Pascal Lamy, a Folha apurou que vários encontros secretos foram realizados nos últimos dias entre diplomatas dos países com atuação mais decisiva nas negociações -Brasil, Índia, EUA e União Européia-, que em junho, quando ainda formavam o chamado G4, protagonizaram rotundo fracasso nas negociações de Potsdam (Alemanha), que terminou em intenso tiroteio verbal.
Depois de um ano de expectativas frustradas em torno de uma conclusão bem-sucedida do mais ambicioso projeto de abertura comercial, o novo prazo com que os negociadores trabalham agora é o fim de janeiro.
O impasse atual nas negociações, iniciadas em 2001 com o objetivo de aumentar o acesso aos mercados, está concentrado sobretudo na relutância das nações em desenvolvimento, lideradas por Brasil e Índia, em baixar suas tarifas industriais antes de ter garantias de que os países desenvolvidos reduzirão de forma significativa seus subsídios agrícolas.
Para um negociador indiano ouvido pela Folha, há indícios preocupantes de que UE e EUA estejam unindo posições para culpar os países em desenvolvimento por um novo impasse no começo do ano. Se as novas propostas, principalmente a agrícola, não oferecerem concessões substanciais, diz o diplomata indiano, o tiroteio de Potsdam poderá se repetir, com uma diferença: os ferimentos na confiança entre os países serão bem mais graves. (MN)


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