São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Alta do gás vai provocar demissões, afirma Fiesp

Indústria diz que empresas já tinham dificuldade em pagar conta antes da alta

Setor pede medidas compensatórias no crédito e no recolhimento de tributos; gás veicular deve subir até 17% na bomba


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) afirma que o reajuste extraordinário de até 19,55% do preço do gás canalizado no Estado vai provocar demissões e inflação de preços em setores dependentes desse insumo para o processo de produção, como a indústria cerâmica, do vidro, de fertilizantes e têxtil.
Conforme a Folha antecipou no domingo, a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) anunciou ontem reajuste no preço do gás natural canalizado distribuído pela Gás Natural São Paulo Sul e pela Comgás, a maior distribuidora do país. Os reajustes passaram a vigorar desde o dia 20. As companhias alegavam desequilíbrio econômico-financeiro do contrato devido à disparada do dólar e ao custo de aquisição do gás natural junto à Petrobras.
A Fiesp agora cobra compensações: "Com a queda no preço do barril de petróleo de US$ 150 para menos de US$ 40, deveria haver boa vontade da Petrobrás, criando condições que evitassem a necessidade de aumento neste momento tão inoportuno. É lamentável. Agora precisamos de medidas compensatórias", ", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Segundo Antônio Carlos Cavalcante, diretor de infra-estrutura da federação, a Fiesp quer agora medidas compensatórias para os setores atingidos pelo aumento, como linhas de crédito em condições diferenciadas da Nossa Caixa (enquanto não for repassada ao Banco do Brasil), alongamento de prazo para o pagamento do ICMS e uma ampla negociação para indústrias com problemas de pagamento do gás.
"Esse ainda não é um problema generalizado, mas já existem, mesmo antes do reajuste, indústrias com dificuldades para pagar a conta do gás. Imagine o que poderá acontecer agora com esse aumento", disse Cavalcante. Ele explicou que esses pedidos já foram apresentados verbalmente ao governo de São Paulo.
A idéia, disse ele, é que isso seja feito formalmente no início de janeiro. Ele voltou a dizer que o reajuste poderia ter sido evitado se houvesse uma postura menos intransigente da Petrobras. Procurada pela Folha, a direção de gás e energia da estatal preferiu não comentar a acusação.

O aumento
Os mercados mais afetado pela decisão da Arsesp foram o industrial, o comercial e o veicular. A agência informou, em nota, que o aumento atingirá 10 mil consumidores comerciais e mais 1,3 mil indústrias abastecidos pelas duas concessionárias. A Arsesp afirmou que os consumidores residenciais foram poupados da medida devido à pouca participação no desequilíbrio do contrato das concessionárias, motivo do repasse extraordinário.
Os clientes industriais da Comgás receberão repasses de 10,25% a 17,56%, dependendo do volume consumido. Entre os consumidores comerciais, a alta irá variar entre 6,29% a 7,76%. O repasse aos postos de GNV será de 22,17%, o que deve representar aumento de 14% a 15% na bomba.
Na região atendida pela Gás Natural São Paulo Sul, a indústria pagará entre 11,36% a 19,55% de reajuste, conforme o consumo. O gás para o mercado comercial sofrerá alta de 7,35% e 8,42%. O aumento para os postos de GNV será de 24,8%, o que deve significar alta de 16% a 17% na bomba.


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