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Alta do gás vai provocar demissões, afirma Fiesp
Indústria diz que empresas já tinham dificuldade em pagar conta antes da alta
Setor pede medidas compensatórias no crédito
e no recolhimento de tributos; gás veicular deve subir até 17% na bomba
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) afirma que o reajuste extraordinário de até 19,55% do
preço do gás canalizado no Estado vai provocar demissões e
inflação de preços em setores
dependentes desse insumo para o processo de produção, como a indústria cerâmica, do vidro, de fertilizantes e têxtil.
Conforme a Folha antecipou
no domingo, a Arsesp (Agência
Reguladora de Saneamento e
Energia do Estado de São Paulo) anunciou ontem reajuste no
preço do gás natural canalizado
distribuído pela Gás Natural
São Paulo Sul e pela Comgás, a
maior distribuidora do país. Os
reajustes passaram a vigorar
desde o dia 20. As companhias
alegavam desequilíbrio econômico-financeiro do contrato
devido à disparada do dólar e
ao custo de aquisição do gás natural junto à Petrobras.
A Fiesp agora cobra compensações: "Com a queda no preço
do barril de petróleo de US$
150 para menos de US$ 40, deveria haver boa vontade da Petrobrás, criando condições que
evitassem a necessidade de aumento neste momento tão inoportuno. É lamentável. Agora
precisamos de medidas compensatórias", ", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Segundo Antônio Carlos Cavalcante, diretor de infra-estrutura da federação, a Fiesp
quer agora medidas compensatórias para os setores atingidos
pelo aumento, como linhas de
crédito em condições diferenciadas da Nossa Caixa (enquanto não for repassada ao
Banco do Brasil), alongamento
de prazo para o pagamento do
ICMS e uma ampla negociação
para indústrias com problemas
de pagamento do gás.
"Esse ainda não é um problema generalizado, mas já existem, mesmo antes do reajuste,
indústrias com dificuldades
para pagar a conta do gás. Imagine o que poderá acontecer
agora com esse aumento", disse Cavalcante. Ele explicou que
esses pedidos já foram apresentados verbalmente ao governo de São Paulo.
A idéia, disse ele, é que isso
seja feito formalmente no início de janeiro. Ele voltou a dizer que o reajuste poderia ter
sido evitado se houvesse uma
postura menos intransigente
da Petrobras. Procurada pela
Folha, a direção de gás e energia da estatal preferiu não comentar a acusação.
O aumento
Os mercados mais afetado
pela decisão da Arsesp foram o
industrial, o comercial e o veicular. A agência informou, em
nota, que o aumento atingirá 10
mil consumidores comerciais e
mais 1,3 mil indústrias abastecidos pelas duas concessionárias. A Arsesp afirmou que os
consumidores residenciais foram poupados da medida devido à pouca participação no desequilíbrio do contrato das
concessionárias, motivo do repasse extraordinário.
Os clientes industriais da
Comgás receberão repasses de
10,25% a 17,56%, dependendo
do volume consumido. Entre
os consumidores comerciais, a
alta irá variar entre 6,29% a
7,76%. O repasse aos postos de
GNV será de 22,17%, o que deve
representar aumento de 14% a
15% na bomba.
Na região atendida pela Gás
Natural São Paulo Sul, a indústria pagará entre 11,36% a
19,55% de reajuste, conforme o
consumo. O gás para o mercado
comercial sofrerá alta de 7,35%
e 8,42%. O aumento para os
postos de GNV será de 24,8%, o
que deve significar alta de 16%
a 17% na bomba.
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