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Petrobras eleva empréstimo na Caixa
Estatal anuncia prazo maior para pagar dívida com bancos públicos e ampliação para R$ 3,6 bi da linha com a Caixa
Presidente da petrolífera
admite que poderá investir no próximo ano menos recursos que os R$ 72 bi previstos em agosto passado
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras comunicou ontem à noite que alongou os prazos dos financiamentos que obteve neste ano com a Caixa
Econômica Federal e o Banco
do Brasil e que obteve mais dinheiro da Caixa.
Em outubro, durante o agravamento da crise de crédito pelo mundo, a empresa captou
cerca de R$ 2 bilhões com a
Caixa Econômica, numa operação que gerou polêmica. Maior
companhia do país, a Petrobras
foi alvo de críticas por competir
com empresas menores em
busca de financiamento dos
bancos públicos em um momento de escassez do crédito.
O próprio presidente Luiz
Inácio Lula da Silva chegou a
afirmar, no início do mês, que
"a Petrobras é tão poderosa que
[o fato de] ir à Caixa pegar dinheiro, obviamente, tira de
uma pequena empresa, da
construção civil, do comércio".
Segundo o comunicado divulgado ontem, o financiamento com a Caixa, que se estendia
até 2009, foi pago e, em seguida, renovado com um acréscimo de R$ 1,5 bilhão. O total de
R$ 3,6 bilhões deverá ser quitado até o ano de 2011.
Também em 2011 a Petrobras precisará pagar os R$ 2 bilhões que agora deve ao BB. Da
mesma forma que ocorreu com
a Caixa, a empresa antecipou os
pagamentos das parcelas, que
iam até 2009, e renovou o empréstimo por prazo mais longo.
Operações como essas são
feitas, normalmente, para fortalecer o caixa e conseguir juros
melhores. Os empréstimos tomados com prazo curto de vencimento têm juros mais altos.
No comunicado, a empresa não
informou as novas taxas.
Investimentos
Ontem, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli,
disse que, por causa da crise internacional, os investimentos
em 2009 poderão não chegar
aos R$ 72 bilhões previstos em
mensagem enviada pela empresa ao Congresso em agosto.
Mas que ficarão acima do volume deste ano -entre R$ 50 bilhões e R$ 55 bilhões.
Já a queda do barril do petróleo -de um pico de US$ 145 em
julho para US$ 40 ontem-, outra conseqüência da crise, ainda não tem data para resultar
em redução do preço dos combustíveis no Brasil, disse ele.
Gabrielli reafirmou que a Petrobras avalia os custos no longo prazo, para não refletir nos
preços internos a alta volatilidade do barril.
Ele destacou que nos próximos meses duas variáveis serão
decisivas para determinar um
possível ajuste nos combustíveis: o preço internacional da
gasolina, que deverá subir, segundo estimativas do mercado,
e a taxa de câmbio.
No último dia 3, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, afirmou que era possível
uma queda nos preços da gasolina e do diesel.
"Vai haver, eu acredito, a partir do momento em que se estabilize o preço [do barril de petróleo], uma acomodação para
baixo", disse, chegando a falar
que uma mudança de preço seria "inexorável" se mantida a
tendência de queda do barril.
A última redução de preços
aconteceu em abril de 2003. O
último aumento foi em maio.
Segundo Gabrielli, o volume
de investimentos menor em
2009 do que o previsto antes da
eclosão da crise não significará,
necessariamente, cortes.
"Pode ser feito um ajustamento interno e no tempo desses projetos. O investimento é
uma decisão plurianual, nunca
só para o ano. Acredito que deveremos ter um investimento
superior ao deste ano", disse
Gabrielli.
Ele justificou o adiamento
para janeiro da divulgação do
novo Plano de Negócios da
companhia, prevista para a última sexta-feira, com a grande
variação dos custos do setor.
Gabrielli citou a oscilação do
barril do petróleo e a queda da
demanda mundial, que deverão
reduzir os custos de equipamentos e insumos. Ele alegou
que os projetos têm que ser
avaliados com maior precisão.
"Quando isso vai ocorrer,
ninguém sabe. A resposta da
cadeia demora. Há incertezas
sobre o que vai acontecer e o reflexo no custo dos projetos.
Diante desse quadro de incertezas sobre os custos, resolvemos não aprovar o plano."
Gabrielli ressaltou que todas
as grandes empresas de petróleo estão adotando o mesmo
procedimento. Disse ainda que
não foi discutida de forma específica a retirada de qualquer
projeto do planejamento.
Pré-sal
Destacou também que a exploração de projetos na camada
pré-sal é viável diante do barril
cotado nos níveis atuais. Acrescentou que espera uma redução dos custos dos projetos para esses blocos, que são prioritários para a empresa e estão
com os cronogramas mantidos.
O diretor de Exploração e
Produção, Guilherme Estrella,
admitiu até a possibilidade de
antecipar a produção do teste-piloto do campo de Tupi, na camada pré-sal da bacia de Santos, previsto para 2010.
A Petrobras pretende acelerar também a entrada em operação de poços na camada pré-sal no Parque das Baleias, na
parte capixaba da bacia de
Campos, com potencial menor
de exploração.
Na região está situado o primeiro poço no pré-sal em operação, que produz cerca de 13
mil barris/dia desde setembro.
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