São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Petrobras eleva empréstimo na Caixa

Estatal anuncia prazo maior para pagar dívida com bancos públicos e ampliação para R$ 3,6 bi da linha com a Caixa

Presidente da petrolífera admite que poderá investir no próximo ano menos recursos que os R$ 72 bi previstos em agosto passado


DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras comunicou ontem à noite que alongou os prazos dos financiamentos que obteve neste ano com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil e que obteve mais dinheiro da Caixa.
Em outubro, durante o agravamento da crise de crédito pelo mundo, a empresa captou cerca de R$ 2 bilhões com a Caixa Econômica, numa operação que gerou polêmica. Maior companhia do país, a Petrobras foi alvo de críticas por competir com empresas menores em busca de financiamento dos bancos públicos em um momento de escassez do crédito.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar, no início do mês, que "a Petrobras é tão poderosa que [o fato de] ir à Caixa pegar dinheiro, obviamente, tira de uma pequena empresa, da construção civil, do comércio".
Segundo o comunicado divulgado ontem, o financiamento com a Caixa, que se estendia até 2009, foi pago e, em seguida, renovado com um acréscimo de R$ 1,5 bilhão. O total de R$ 3,6 bilhões deverá ser quitado até o ano de 2011.
Também em 2011 a Petrobras precisará pagar os R$ 2 bilhões que agora deve ao BB. Da mesma forma que ocorreu com a Caixa, a empresa antecipou os pagamentos das parcelas, que iam até 2009, e renovou o empréstimo por prazo mais longo.
Operações como essas são feitas, normalmente, para fortalecer o caixa e conseguir juros melhores. Os empréstimos tomados com prazo curto de vencimento têm juros mais altos. No comunicado, a empresa não informou as novas taxas.

Investimentos
Ontem, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que, por causa da crise internacional, os investimentos em 2009 poderão não chegar aos R$ 72 bilhões previstos em mensagem enviada pela empresa ao Congresso em agosto. Mas que ficarão acima do volume deste ano -entre R$ 50 bilhões e R$ 55 bilhões.
Já a queda do barril do petróleo -de um pico de US$ 145 em julho para US$ 40 ontem-, outra conseqüência da crise, ainda não tem data para resultar em redução do preço dos combustíveis no Brasil, disse ele.
Gabrielli reafirmou que a Petrobras avalia os custos no longo prazo, para não refletir nos preços internos a alta volatilidade do barril.
Ele destacou que nos próximos meses duas variáveis serão decisivas para determinar um possível ajuste nos combustíveis: o preço internacional da gasolina, que deverá subir, segundo estimativas do mercado, e a taxa de câmbio.
No último dia 3, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, afirmou que era possível uma queda nos preços da gasolina e do diesel.
"Vai haver, eu acredito, a partir do momento em que se estabilize o preço [do barril de petróleo], uma acomodação para baixo", disse, chegando a falar que uma mudança de preço seria "inexorável" se mantida a tendência de queda do barril.
A última redução de preços aconteceu em abril de 2003. O último aumento foi em maio.
Segundo Gabrielli, o volume de investimentos menor em 2009 do que o previsto antes da eclosão da crise não significará, necessariamente, cortes.
"Pode ser feito um ajustamento interno e no tempo desses projetos. O investimento é uma decisão plurianual, nunca só para o ano. Acredito que deveremos ter um investimento superior ao deste ano", disse Gabrielli.
Ele justificou o adiamento para janeiro da divulgação do novo Plano de Negócios da companhia, prevista para a última sexta-feira, com a grande variação dos custos do setor.
Gabrielli citou a oscilação do barril do petróleo e a queda da demanda mundial, que deverão reduzir os custos de equipamentos e insumos. Ele alegou que os projetos têm que ser avaliados com maior precisão.
"Quando isso vai ocorrer, ninguém sabe. A resposta da cadeia demora. Há incertezas sobre o que vai acontecer e o reflexo no custo dos projetos. Diante desse quadro de incertezas sobre os custos, resolvemos não aprovar o plano."
Gabrielli ressaltou que todas as grandes empresas de petróleo estão adotando o mesmo procedimento. Disse ainda que não foi discutida de forma específica a retirada de qualquer projeto do planejamento.

Pré-sal
Destacou também que a exploração de projetos na camada pré-sal é viável diante do barril cotado nos níveis atuais. Acrescentou que espera uma redução dos custos dos projetos para esses blocos, que são prioritários para a empresa e estão com os cronogramas mantidos.
O diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, admitiu até a possibilidade de antecipar a produção do teste-piloto do campo de Tupi, na camada pré-sal da bacia de Santos, previsto para 2010.
A Petrobras pretende acelerar também a entrada em operação de poços na camada pré-sal no Parque das Baleias, na parte capixaba da bacia de Campos, com potencial menor de exploração.
Na região está situado o primeiro poço no pré-sal em operação, que produz cerca de 13 mil barris/dia desde setembro.


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