São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Venda de imóveis novos cai 75% em outubro em SP

No mês, foram vendidas 946 unidades residenciais na capital, ante 3.854 em outubro de 2007; com a crise, setor já tem dois meses de queda

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Atingido pela crise financeira global, o mercado imobiliário sofreu em outubro sua segunda queda consecutiva.
No mês, foram vendidos 946 imóveis residenciais novos em São Paulo, contra 3.854 em outubro de 2007 -um decréscimo de 75,45%-, de acordo com informações do Secovi-SP (sindicato da habitação).
Em setembro, o setor já havia sentido um declínio de 46,8% na mesma comparação, em sua primeira retração desde fevereiro do ano passado. Nos dois meses, a queda acumulada já chega a 60%.
Segundo o Secovi-SP, houve "parada técnica" em outubro, por conta das "incertezas" quanto ao desenrolar das turbulências globais. O segmento de imóveis de três e quatro dormitórios foi o que mais sentiu o impacto da crise.
"Nós nos surpreendemos muito. Mas é preciso ponderar que outubro concentrou a maior parte das más notícias e levou a uma desconfiança maior por parte dos compradores", analisa Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. De acordo com ele, dados preliminares indicam retomada de ritmo no mercado em novembro e dezembro.
Para o sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, porém, o resultado de outubro mostra que "a crise já está instalada" e que tende a piorar, mesmo com as medidas do governo para conferir maior liquidez à economia.
"Essa é uma crise que tende a engolir todos os setores. E uma das certezas que nós temos é que as medidas anticíclicas adotadas pelo governo, tanto do Brasil como de outros países, vão demorar para surtir efeito", afirma Silveira.
Entre as ações anunciadas pelo governo para estimular o mercado imobiliário, está a ampliação de 600 mil para 900 mil no número de unidades financiadas pela Caixa Econômica Federal no próximo ano.
Para este ano, porém, o Secovi-SP prevê queda nas vendas. No ano passado, foram vendidos 36 mil imóveis residenciais. Para 2008, a expectativa é a de que 33 mil negócios sejam concretizados.
Outro indicador que aponta a desaceleração no mercado, o VSO (Venda sobre Oferta) caiu de 13,8% em setembro para 4,9% em outubro. O dado mostra as vendas realizadas em relação ao total de empreendimentos lançados em São Paulo nos últimos 36 meses. Segundo o Secovi-SP, trata-se do pior resultado desde janeiro de 1999.
"A crise impôs uma nova realidade às empresas do setor", diz Petrucci, do Secovi-SP. No próximo ano, as incorporadoras já terão de trabalhar com novo planejamento de obras e implementar novas políticas financeiras.
As projeções do sindicato indicam que, no ano que vem, serão vendidos entre 27 mil e 29 mil imóveis residenciais na cidade de São Paulo. Já os lançamentos devem cair de 35 mil unidades para algo entre 26 mil e 28 mil. "É certo que teremos um mercado menor", afirma Petrucci.
"O mercado imobiliário depende muito de crédito e de confiança, e foram justamente esses dois fatores que a crise atingiu com mais força", afirma Silveira, da RC Consultores.


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