São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

China reduz taxa de juros pela quinta vez em quatro meses

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

O Banco Central chinês cortou a taxa de juros ontem em 0,27 ponto percentual, o quinto corte desde setembro. A taxa anual passou de 5,58% para 5,31%, e o depósito de um ano caiu de 2,52% para 2,25%.
O Banco do Povo, nome oficial do BC chinês, quer colocar mais dinheiro em circulação na tentativa de conter a desaceleração da economia -muito maior do que o previsto.
Há temores de que milhões de chineses fiquem desempregados nos próximos meses se a economia crescer 6%, depois de ter crescido 11,9% em 2007 e estimados 9,5% neste ano.
A construção civil, paralisada pela crise imobiliária, e o setor exportador, em baixa pela queda na demanda global, estão entre os que mais devem demitir em 2009. O governo teme a crescente tensão social, com protestos e greves acontecendo quase diariamente em algumas das maiores cidades chinesas.
O Banco do Povo também reduziu o valor da reserva que cada banco precisa manter em 50 pontos base para permitir que as instituições emprestem mais - analistas calculam em mais 300 bilhões de yuans disponíveis com a medida (cerca de R$ 106 bilhões).
Os primeiros três cortes anteriores, em setembro e outubro, foram de 0,27 cada e, em 26 de novembro, o BC cortou 1,08 ponto.
O índice de preços ao consumidor foi de 2,4% em novembro, depois de ter atingido 8,7% em fevereiro passado. Há temores de que haja deflação no país, se o consumo continuar retrocedendo.

Taxas adiadas
Em outra medida para tentar conter o crescente desemprego, o governo anunciou uma série de medidas para permitir que empresas adiem contribuições previdenciárias e outras obrigações sociais a fim de manter seus empregados.
"As taxas de saúde, acidentes de trabalho, maternidade e seguro para residentes urbanos podem ser reduzidas ou adiadas nos próximos 12 meses", diz um comunicado divulgado ontem pelos Ministérios de Recursos Humanos, de Finanças e pela Administração Estatal de Impostos.
Empresas em dificuldades financeiras podem adiar o pagamento de fundos de previdência social por até seis meses e o plano de saúde, normalmente 6% do salário pelo empregador e 2% pelo empregado, em até doze meses.
O governo não divulgou maiores detalhes sobre quem se encaixa nas "dificuldades financeiras" e pode recorrer ao adiamento. Mas ainda é comum que milhares de empresas no país não contribuam com os benefícios, nem registrem seus trabalhadores.

Queda no Japão
As exportações japonesas caíram 26,7% em novembro, segundo divulgou ontem o Ministério das Finanças. A queda recorde de mais de um quarto das exportações se deve principalmente à menor demanda de automóveis e eletrônicos, importantes na pauta exportadora do Japão.
A segunda maior economia do mundo sofreu quedas de seus principais mercados, mas não só dos Estados Unidos, onde a queda foi de 33,8%.
As exportações para a China caíram 24,5%, para a União Européia, -30,8%, e Ásia, -26,7%, o que comprova uma desaceleração global.


Texto Anterior: Previsão de demanda fraca derruba os mercados
Próximo Texto: Bancos: UBS vende duas divisões de commodities ao JPMorgan Chase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.