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Toyota prevê 1º prejuízo em 70 anos, de US$ 1,7 bi
Retração dos mercados americano e japonês determina perdas da montadora
Iene forte prejudica as montadoras japonesas, que vão produzir 2,2 milhões de veículos a menos neste ano, agravando a recessão no país
MARTIN FACKLER
DO "NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO
A Toyota Motor, gigante japonesa do setor automobilístico, anunciou ontem que prevê
seu primeiro prejuízo operacional em 70 anos de história, o
que mostra como a crise econômica vem se espalhando pelo
setor automobilístico mundial.
O prejuízo será de 150 bilhões de ienes, ou US$ 1,7 bilhão, no ano fiscal que se encerra em 31 de março de 2009. Seria o primeiro prejuízo operacional da empresa desde 1938, o
ano de sua fundação, e uma
imensa reversão ante o lucro
operacional de 2,3 trilhões de
ienes (US$ 28 bilhões) que ela
registrou no ano passado.
Os analistas dizem que a revisão das projeções da Toyota, a
segunda em dois meses, demonstra que a pior crise financeira desde a Grande Depressão está ameaçando não só as
Três Grandes montadoras norte-americanas mas até mesmo
suas rivais relativamente saudáveis no Japão, Coréia do Sul e
Europa. Outras devem reportar
prejuízos em breve.
Pior, os analistas afirmam
que antecipam problemas ainda mais graves no ano que vem,
em meio a previsões de que a
economia mundial se manterá
em queda pelo menos até a metade do ano. Isso poderia causar uma reacomodação significativa, levando as empresas
menores e mais fracas para as
mãos de um número menor de
companhias de maior peso.
"Não vai demorar muito para
que todas as grandes montadoras de automóveis estejam no
vermelho", disse Koji Endo,
analista da Credit Suisse Securities em Tóquio. "E as coisas só
piorarão no ano que vem, quando as companhias começarem a
perder dinheiro pelo segundo
ano consecutivo."
A Toyota, que teve oito anos
consecutivos de lucros recorde,
está sofrendo com a queda severa nas vendas de veículos não
só na América do Norte mas em
mercados antes promissores
como Índia e China. O grupo
Toyota inclui a montadora de
automóveis Daihatsu e a fabricante de caminhões Hino.
"A mudança na economia
mundial é de uma magnitude
que se vê apenas uma vez a cada
cem anos", disse o presidente
da Toyota, Katsuabe Watanabe, em entrevista coletiva. "Estamos enfrentando uma emergência sem precedentes."
Watanabe disse que a empresa deve suspender investimentos em novas fábricas e adotar
turno único de trabalho em algumas linhas de montagem.
Com reservas de caixa de
US$ 18,5 bilhões e relativamente poucas dívidas, a Toyota ainda tem melhor condições para
enfrentar a crise do que as americanas General Motors e
Chrysler.
As retrações mais sentidas
pela Toyota e outras montadoras japonesas se deram no mercado dos Estados Unidos, tradicionalmente o mais lucrativo.
Em novembro, as vendas da
Toyota caíram em 33,9% e as da
Honda Motor, em 31,6%.
As vendas de automóveis
também diminuem no Japão.
No ano que vem, devem cair
abaixo dos 5 milhões de unidades pela primeira vez em 31
anos.
As montadoras japonesas
responderam com um corte de
produção de 2,2 milhões de veículos. Também reduziram as
projeções de lucros, demitiram
trabalhadores temporários e
adiaram investimentos.
A desaceleração no setor ajudou a agravar uma recessão cada vez mais severa na economia
japonesa. O país depende das
exportações, que caíram 26,7%
em novembro, a maior queda
desde 1980.
O tumulto financeiro também prejudicou as montadoras
ao elevar o valor do iene japonês em cerca de 25%.
A Toyota reduziu suas projeções de vendas mundiais no
ano fiscal a 7,54 milhões de carros, bem abaixo dos 8,9 milhões
vendidos no ano passado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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