São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Executivo levou 1,3% de socorro a banco nos EUA

Dirigentes embolsaram US$ 1,6 bi em benefícios

DE WASHINGTON

Se as notícias não são tão boas no mundo do trabalho, no do capital a situação é diferente. Pelo menos, no comando das instituições financeiras que receberam alguma forma de auxílio do governo dos EUA em 2008, ano recorde nesse tipo de ação no país. Levantamento aponta que o equivalente a 1,36% da ajuda governamental foi parar no bolso de executivos das empresas beneficiadas.
Segundo pesquisa da agência de notícias "Associated Press", os executivos mais graduados dos bancos amparados pelo governo em 2008 haviam abocanhado perto de US$ 1,6 bilhão em salários e benefícios em 2007, ano em que a atual crise financeira amadureceu. Para 2008, algumas dessas instituições pesquisadas anunciaram cortes em salários e benefícios.
O dinheiro foi para o bolso de cerca de 600 executivos e veio em forma de salário direto, bônus, ações, uso de jatos corporativos e motoristas, títulos de clube e outros benefícios. A pesquisa foi feita nos documentos apresentados à SEC, o equivalente norte-americano da Comissão de Valores Mobiliários, pelos 116 bancos auxiliados, que receberam até agora um total de US$ 118 bilhões do governo em 2008 -ou o equivalente ao PIB do Egito.
O valor médio recebido por executivo foi de US$ 2,6 milhões em salário anual, bônus e benefícios, o que dá cerca de R$ 518 mil por mês por pessoa. Apenas os cinco mais graduados da Goldman Sachs levaram US$ 242 milhões em 2007. Em 2008, segundo o banco, eles abrirão mão dos benefícios e receberão apenas um salário-base anual de US$ 600 mil cada um -ou R$ 120 mil por mês.
Para o congressista democrata Barney Frank, presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, esse dinheiro é o equivalente a "um suborno". "A maioria de nós assume empregos com o compromisso de fazer o melhor que pode", disse. "Agora, sabemos que os executivos mais bem-pagos são diferentes: eles precisam de dinheiro extra para se motivar!"
Os bancos auxiliados pelo governo estão sob crítica severa depois de relatório do Escritório de Responsabilidade do Governo, subordinado ao Congresso, ter descoberto que não está claro como as instituições usaram o dinheiro que receberam na primeira metade do pacote de auxílio ao mercado, de US$ 700 bilhões. (SÉRGIO DÁVILA)


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