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Mínimo terá maior valor real em 24 anos
Segundo Dieese, salário se aproxima de patamar de 1986, quando congelamento de preços e abono valorizavam rendimento
Para técnico da entidade, arredondamento para
R$ 510 pode indicar um provável reajuste baixo em 2011; Lula assina MP hoje
DANILO VILELA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O reajuste real de cerca de
6% que o governo deve conceder ao salário mínimo aproxima-o de seu maior patamar real
em 24 anos, de acordo com estudo divulgado ontem pelo
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
A palavra final de Lula autorizando o aumento do mínimo
para R$ 510, conforme a Folha
antecipou na edição de ontem,
foi dada ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento) na Base
Aérea de Brasília, no final da
tarde de ontem. Ficou acertado
que Lula assina hoje a medida
provisória.
Com os R$ 510 que devem vigorar a partir de janeiro, o mínimo, que indexa os rendimentos de cerca de 46 milhões de
pessoas, avizinha-se do valor
vigente em 1986, proporcional
a cerca de R$ 520 atuais. Naquela época, o Plano Cruzado,
introduzido pelo governo Sarney, controlou temporariamente a hiperinflação e concedeu abono ao salário mínimo.
Em seguida, porém, os fracassos de sucessivos pacotes
econômicos em deter a inflação levaram-no, em 1995, ao
seu menor valor real, equivalente hoje a apenas R$ 251.
O estudo indica ainda que a
relação entre o valor do novo
mínimo e o da cesta básica será
a mais favorável desde 1979.
Com R$ 510, o consumidor poderá adquirir 2,17 cestas básicas em 2010, ante duas no ano
passado e apenas 1,02 em 1995.
"Compensação"
Em relação aos impactos macroeconômicos do reajuste, estima-se em R$ 26,6 bilhões o
montante injetado na economia e em R$ 7,7 bilhões o incremento na arrecadação tributária sobre o consumo.
Se fosse seguida a regra de
aumento aplicada desde 2007,
que toma por base a inflação do
período mais o crescimento do
PIB de dois anos antes, o valor
do novo mínimo seria de cerca
de R$ 507. O governo atribui o
arredondamento a dificuldades
relacionadas com as máquinas
de saque, que em geral trabalham com cédulas de R$ 10.
Para o técnico do Dieese José
Silvestre, porém, esse arredondamento pode ter sido motivado pela perspectiva de crescimento zero do PIB neste ano.
"Como o aumento real é calculado a partir do PIB de dois
anos atrás, em 2011 o ganho será praticamente nulo. O acréscimo de R$ 3 pode ser uma tentativa de compensação", diz.
Responsável pelo estudo, o
Dieese é formado por centrais
sindicais que, a partir de 2004,
participaram de campanhas
pela valorização do mínimo.
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