São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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PAC / FINANCIAMENTO

BNDES quer emprestar mais à área pública

Banco vai financiar mais projetos de saneamento e pretende criar programa para melhorar gestão das estaduais do setor

Papel do banco no pacote para acelerar o crescimento é oferecer crédito para os setores de energia elétrica, saneamento, logística e gás


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderá emprestar mais para o setor público, especificamente para projetos de saneamento.
Com o PAC (Pacote de Aceleração do Crescimento), o limite de endividamento para saneamento no setor público passou de cerca de R$ 2,2 bilhões para R$ 6 bilhões.
Segundo Élvio Gaspar, diretor da área de Inclusão Social, o banco estima que o desafio da universalização de água e esgoto requer não só recursos provenientes do endividamento de Estados e municípios e do governo federal como também da iniciativa privada.
O diretor citou como exemplo a Sabesp, que conseguiu emitir debêntures e captar recursos com iniciativa própria.
O banco pretende lançar um programa para melhorar a gestão das empresas de água e esgoto e torná-las aptas a captar recursos de forma independente. Vai financiar projetos do setor associados à tentativa de aprimoramento da administração das empresas.
O programa estará disponível para todas as empresas estaduais do setor.
"Os Estados e municípios sempre ficaram presos [para realizar investimentos] pela dificuldade de conseguir crédito ou por esbarrar no limite de endividamento. Temos uma carteira de R$ 9 bilhões, mas o total autorizado para contratação é de R$ 25 milhões. Vamos desencavar essa carteira dentro dos critérios de priorização que o Ministério das Cidades elaborou", explicou Gaspar.
A participação do banco no pacote elaborado pelo governo está focada nas áreas de energia elétrica, saneamento, gás e logística. Para incentivar a realização de investimentos nestes setores, o banco realizou a segunda redução de custos de crédito. Em alguns casos, as reduções chegaram a 80% para o setor elétrico. Além disso, o BNDES está concluindo a elaboração de uma linha de financiamento para TV digital, mas evitou adiantar detalhes.
A carteira de investimentos do banco soma R$ 90 bilhões. Desse total, R$ 45 bilhões destinados ao setor de energia elétrica, R$ 24 bilhões voltados para logística e R$ 21 bilhões para a área de desenvolvimento urbano.
O presidente do BNDES, Demian Fiocca, ressaltou a capacidade do programa de destravar o crescimento da economia. "O que impedia o Brasil de acelerar o crescimento não era a falta de diagnósticos sobre o que precisa ser feito, mas a dificuldade de implementação", afirmou, em referência a projetos antigos que o governo promete finalmente tirar do papel, como a usina hidrelétrica do Rio Madeira.
A redução de spreads foi significativa, mas Fiocca evitou comentar quanto o banco deixará de receber com as mudanças. Ele destacou que apenas um terço do lucro recorde de R$ 5,7 bilhões até o terceiro trimestre do ano passado teve origem nos spreads de renda fixa. No setor de energia elétrica, o custo dos empréstimos passou de 13,75% (incluindo TJLP, spread básico e spread de risco) em 2005 para 9%.
As projeções do banco estimam que os desembolsos crescerão acima do PIB (Produto Interno Bruto). O banco estima que a expansão dos investimentos será de 10% ao ano.


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