|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PAC / POLÍTICA MONETÁRIA
Para governo, plano não deve influir no juro
Segundo a Folha apurou, presidente não gostou de estocada pública de Mantega em Meirelles no anúncio do PAC
Mercado espera que o BC reduza ritmo de queda da taxa Selic para 0,25 ponto em reunião do Copom que termina hoje
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve ontem, em
conversas com a equipe econômica, avaliação que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não influirá na política
monetária no curto prazo.
Mais: a Folha apurou que a
expectativa de Lula é que a taxa
Selic caia 0,5 ponto percentual
na reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária do Banco
Central) que termina hoje. A
Selic, taxa básica de juros, está
hoje em 13,25% ao ano, e a expectativa do mercado é que
caia mais 0,25 ponto hoje.
O Copom já havia sinalizado
em ata no ano passado que poderia adotar maior parcimônia
na redução dos juros, que vinha
caindo 0,5 ponto por reunião.
Segundo a Folha apurou,
não há no BC uma disposição
de atitude mais cautelosa no
processo de queda dos juros
como forma de compensar um
menor esforço fiscal no segundo mandato de Lula.
Na prática, o superávit primário poderá cair de 4,25% do
PIB (Produto Interno Bruto)
ao ano para até 3,75%. O superávit primário, a economia feita pelo setor público para pagar
os juros da dívida, é um dos pilares da atual política econômica. Nos bastidores, o BC sempre deixou claro que um menor
rigor fiscal exigiria maior conservadorismo monetário.
A Folha ouviu de membros
da cúpula do governo que o BC
deverá aguardar os resultados
de médio prazo do PAC, cerca
de um ano, para avaliar a dosagem da política monetária.
Não haveria no cenário doméstico ou internacional nada
que sugira que a inflação em
2007 ficará fora da meta de
4,5% no ano do BC.
Logo, com 2007 praticamente garantido, o BC não precisaria peitar Lula como fez no primeiro mandato. Apesar das cobranças por maior rapidez na
queda da Selic em 2004 e 2005,
quando Lula ameaçou nos bastidores demitir diretores do
BC, o Copom resistiu e contrariou o Planalto, reforçando a
imagem de independência informal.
Lula julgou como brincadeira desnecessária o ministro
Guido Mantega (Fazenda) ter
dito "Viu, Meirelles?" quando
falou anteontem no lançamento do PAC que o mercado esperava queda dos juros nos próximos anos. Lula, porém, concorda com o ministro da Fazenda.
Aprovou o conteúdo, mas não a
forma, pois ela causou constrangimento ao presidente do
BC, Henrique Meirelles, expondo mais uma vez a dificuldade de relação entre ambos.
A Folha apurou que, se o BC
optar por um corte menor do
que 0,5 ponto percentual, Lula
pedirá explicações a Meirelles,
com quem viaja hoje a Davos
(Suíça). Mas Lula não está disposto a transformar isso numa
crise. Sua energia está voltada
para levar o PAC a produzir resultado.
(KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Distribuidoras federais terão reestruturação Próximo Texto: Cesar Maia classifica plano de "pífio" Índice
|