São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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LUÍS NASSIF

Audiência pública para a TV

Recebi e-mail de Fernando Bittencourt, diretor de Engenharia da Rede Globo, a propósito da coluna "Celulares versus emissoras". Do ponto de vista técnico, ele discorda da afirmação da Acel (associação das operadoras de celulares) de que a transmissão para receptor móvel exigirá uma rede de antenas muito maior do que a necessária para a transmissão para receptor fixo.
Hoje, as TVs móveis recebem mal o sinal por serem analógicas, diz ele. Com o digital, não haverá nenhum problema de recepção. Prova disso seria um canal experimental instalado pelo Instituto Mackenzie na torre do Sumaré. Se correta a informação, as operadoras de celular não teriam o que oferecer nesse item específico.
Sua defesa do padrão japonês é por ele permitir transmitir a mesma imagem para televisores fixos e móveis em um mesmo espectro, enquanto o sistema europeu tem baixo desempenho de transmissão simultânea para receptores fixos e portáteis em um mesmo canal.
A posição da Acel é que a programação para móvel tem de, necessariamente, ser diferente da programação para fixo, devido ao fato de, por definição, o telespectador do móvel não ter o mesmo tempo continuado disponível do que o fixo.
No e-mail, Bittencourt não aborda o ponto central da proposta da Acel: a de que a transmissão aberta continuaria livre e sob controle das emissoras. E haveria uma convergência de esforços -entre emissoras abertas, produtores independentes e operadores de celulares- para oferecer conteúdo sob demanda. Nesse caso, as operadoras teriam a oferecer seu sistema de cobrança, atendimento ao consumidor e investimento para ajudar a popularizar os receptores móveis. Algo que poderia ser inviabilizado pelo modelo japonês -segundo as operadoras, embora a Vivo aceite qualquer sistema.
Bittencourt diz que a discussão é apenas sobre TV aberta e não sobre programas sob demanda, o que, de certo modo, contradiz sua própria posição sobre a inevitabilidade da convergência digital.
O ponto central da questão é outra. Em 2001, a Anatel colocou a questão da TV digital em audiência pública. Depois, houve um atropelo. O ministro Miro Teixeira houve por bem montar uma estrutura de consórcios para ganhar competência técnica para a discussão e, posteriormente, para a participação no desenvolvimento. Criou-se um conselho com representantes da sociedade civil, mas sem o menor poder de vocalização de suas demandas.
O caminho é a consulta pública, mesmo que atrase em alguns meses a inauguração. Afinal, é um projeto com profundas repercussões sobre praticamente todos os aspectos da vida nacional.
No site www.projetobr.com.br há um apanhado de todas essas posições.

Escravo da Microsoft
Atenção organizações de defesa do consumidor. Quem instalou no seu computador o programa Windows Desktop Search -feito para competir com o Google Desktop- e pretender desinstalá-lo recebe o seguinte aviso: "Se o Windows Desktop Search for removido, esses programas não serão executados adequadamente".
No meu notebook são 13 programas prejudicados. Tornei-me um escravo do Windows Desktop Search.


E-mail: Luisnassif@uol.com.br

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