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Empresas foram investigadas sob suspeita de evasão de divisas
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira vez que os nomes
Carital e Wishaw Trading apareceram no noticiário foi em
2004, durante os inquéritos de
apuração do escândalo que levou à quebra da Parmalat.
Segundo o jornal "La Repubblica", ao ser questionado por
um promotor italiano sobre
onde estaria o dinheiro desviado da Parmalat Spa, um dos
principais contadores da empresa, Gianfranco Bocchi, respondeu: "Não sei onde foi parar
o dinheiro que vocês estão procurando. Mas, se me permitem,
posso dar duas pistas interessantes. Investiguem duas subsidiárias do grupo: a Carital do
Brasil e a Wishaw. Não sei os
detalhes, mas é certo que um
saco de dinheiro terminou ali".
De lá para cá, Ministério Público, Receita Federal e outras
autoridades no Brasil e na Itália
passaram a rastrear as operações das empresas, criadas em
1999, com as primeiras dificuldades da Parmalat. Acusações e
processos passaram a envolvê-las das mais variadas formas.
Estrutura complexa
As empresas surgiram durante uma reestruturação da
Parmalat, iniciada em 1997,
quando os ativos da empresa
foram transferidos à Lacesa,
atual Parmalat Brasil.
Já os passivos do grupo, segundo depoimentos de Francisco Mungioli, presidente da
Carital, ficaram a cargo da Zircônia Participações, subsidiária da Carital. Os passivos eram
administrados com recursos
enviados por meio da Wishaw
Trading, com sede no Uruguai,
até 2003.
A Carital foi criada a partir da
antiga Parmalat Participações,
holding do grupo Parmalat. Já a
Zircônia é a antiga Parmalat Indústria e Comércio.
Na época da quebra da Parmalat italiana, em 2004, os executivos da empresa no Brasil
diziam desconhecer as atividades da Carital e da Wishaw. As
investigações, no entanto, ligaram facilmente as empresas.
A operação brasileira acabou
entrando em processo de recuperação judicial em junho de
2005. Em maio de 2006, o Laep
Investments, fundo de participações em empresas fechadas,
adquiriu a Parmalat.
Processos e multas
Como conclusão de suas investigações, o MPF (Ministério
Público Federal) acusou a Wishaw de fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro
e evasão de divisas, por meio de
aportes fraudulentos. Num relatório enviado pelo MPF à
procuradoria suíça, no fim de
2007, a Wishaw é acusada de
ter recebido US$ 803 milhões
do grupo, irregularmente.
A Wishaw também recebeu,
segundo diretores do Palmeiras à época da parceria entre o
clube e a Parmalat, dinheiro da
contratação de jogadores do time. Segundo a promotoria italiana, parte dos US$ 15 milhões
que o Parma pagou pela contratação do meia brasileiro Alex,
em 2002, foi depositada em
contas da Wishaw.
As investigações também levaram a Receita Federal a multar a Carital em R$ 7,4 bilhões,
e a Zircônia, em R$ 1,05 bilhão,
em 2004. As multas referem-se
a Imposto de Renda e contribuições sociais não recolhidas
pelas empresas.
Na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado, que apurou movimentos financeiros que pudessem
ser crime de evasão de divisas, a
Wishaw foi apontada como receptora de R$ 584 milhões, entre 1996 e 2002. O dinheiro foi
enviado da operação brasileira
da Parmalat por meio de contas
CC5.
(CB)
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