São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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Empresas foram investigadas sob suspeita de evasão de divisas

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira vez que os nomes Carital e Wishaw Trading apareceram no noticiário foi em 2004, durante os inquéritos de apuração do escândalo que levou à quebra da Parmalat.
Segundo o jornal "La Repubblica", ao ser questionado por um promotor italiano sobre onde estaria o dinheiro desviado da Parmalat Spa, um dos principais contadores da empresa, Gianfranco Bocchi, respondeu: "Não sei onde foi parar o dinheiro que vocês estão procurando. Mas, se me permitem, posso dar duas pistas interessantes. Investiguem duas subsidiárias do grupo: a Carital do Brasil e a Wishaw. Não sei os detalhes, mas é certo que um saco de dinheiro terminou ali".
De lá para cá, Ministério Público, Receita Federal e outras autoridades no Brasil e na Itália passaram a rastrear as operações das empresas, criadas em 1999, com as primeiras dificuldades da Parmalat. Acusações e processos passaram a envolvê-las das mais variadas formas.

Estrutura complexa
As empresas surgiram durante uma reestruturação da Parmalat, iniciada em 1997, quando os ativos da empresa foram transferidos à Lacesa, atual Parmalat Brasil.
Já os passivos do grupo, segundo depoimentos de Francisco Mungioli, presidente da Carital, ficaram a cargo da Zircônia Participações, subsidiária da Carital. Os passivos eram administrados com recursos enviados por meio da Wishaw Trading, com sede no Uruguai, até 2003.
A Carital foi criada a partir da antiga Parmalat Participações, holding do grupo Parmalat. Já a Zircônia é a antiga Parmalat Indústria e Comércio.
Na época da quebra da Parmalat italiana, em 2004, os executivos da empresa no Brasil diziam desconhecer as atividades da Carital e da Wishaw. As investigações, no entanto, ligaram facilmente as empresas.
A operação brasileira acabou entrando em processo de recuperação judicial em junho de 2005. Em maio de 2006, o Laep Investments, fundo de participações em empresas fechadas, adquiriu a Parmalat.

Processos e multas
Como conclusão de suas investigações, o MPF (Ministério Público Federal) acusou a Wishaw de fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, por meio de aportes fraudulentos. Num relatório enviado pelo MPF à procuradoria suíça, no fim de 2007, a Wishaw é acusada de ter recebido US$ 803 milhões do grupo, irregularmente.
A Wishaw também recebeu, segundo diretores do Palmeiras à época da parceria entre o clube e a Parmalat, dinheiro da contratação de jogadores do time. Segundo a promotoria italiana, parte dos US$ 15 milhões que o Parma pagou pela contratação do meia brasileiro Alex, em 2002, foi depositada em contas da Wishaw.
As investigações também levaram a Receita Federal a multar a Carital em R$ 7,4 bilhões, e a Zircônia, em R$ 1,05 bilhão, em 2004. As multas referem-se a Imposto de Renda e contribuições sociais não recolhidas pelas empresas.
Na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Banestado, que apurou movimentos financeiros que pudessem ser crime de evasão de divisas, a Wishaw foi apontada como receptora de R$ 584 milhões, entre 1996 e 2002. O dinheiro foi enviado da operação brasileira da Parmalat por meio de contas CC5. (CB)


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