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Recall pode não resolver falhas, diz presidente da Toyota
Montadora diz que problema na aceleração pode
ser eletrônico, e não mecânico, como havia afirmado
MICHELINE MAYNARD
DO "NEW YORK TIMES"
O presidente da Toyota nos
EUA, James E. Lentz III, disse
ontem em audiência na Câmara dos Deputados norte-americana que o recall de mais de 8,5
milhões de veículos -a maioria
nos EUA- anunciado pela
companhia pode "não resolver
completamente" o problema
de aceleração involuntária verificado em carros da marca.
Segundo o executivo, a montadora ainda está examinando
a falha e não descarta a hipótese de ela ser originada em sistemas eletrônicos, e não em peças mecânicas, como afirmava
anteriormente. Até agora, disse, a Toyota não encontrou evidências de problemas nos computadores embarcados, "mas
continuamos a olhar potenciais
causas". Lentz disse que a empresa está instalando novo sistema de frenagem nos carros.
Em declaração lida por
Lentz, Akio Toyoda, presidente
da montadora, escreveu que temia que o ritmo de crescimento
obtido por sua empresa nos últimos dez anos, quando elevou
suas vendas em cerca de 50%,
tenha sido rápido demais. Em
2008, a Toyota se tornou a
maior montadora do mundo.
Segundo ele, as prioridades
da empresa sempre foram segurança, qualidade e volume.
Mas, em seu período de intenso
avanço, "as prioridades se confundiram, e não fomos capazes
de parar, pensar e fazer melhorias na mesma escala que costumávamos anteriormente".
"Priorizamos o crescimento
em lugar de pensarmos no tempo necessário ao desenvolvimento do nosso pessoal e de
nossa organização. Lamento
que isso tenha resultado em
problemas de segurança e nos
recalls que hoje enfrentamos, e
peço as mais sinceras desculpas
pelos acidentes que os motoristas de Toyotas sofreram."
Enquanto o texto foi divulgado, outro comitê ouvia o depoimento de Rhonda Smith, uma
mulher do Tennessee que relatou os momentos de pânico que
viveu em 2006, quando seu sedã Lexus começou a acelerar
descontroladamente para mais
de 160 km/h. Smith declarou
que apertou botões, mudou de
marcha e freou, mas seu carro
só parou após dez quilômetros.
Na abertura da sessão, os legisladores afirmaram que o objetivo era compreender por que
a Toyota não respondeu de maneira adequada às informações
de incidentes de aceleração.
Smith contou que um técnico
da empresa sugeriu que a causa
do acidente havia sido o uso dos
freios quando os pneus do carro estavam sem aderência. "Fomos chamados de mentirosos."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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