São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Recall pode não resolver falhas, diz presidente da Toyota

Montadora diz que problema na aceleração pode ser eletrônico, e não mecânico, como havia afirmado

MICHELINE MAYNARD
DO "NEW YORK TIMES"

O presidente da Toyota nos EUA, James E. Lentz III, disse ontem em audiência na Câmara dos Deputados norte-americana que o recall de mais de 8,5 milhões de veículos -a maioria nos EUA- anunciado pela companhia pode "não resolver completamente" o problema de aceleração involuntária verificado em carros da marca.
Segundo o executivo, a montadora ainda está examinando a falha e não descarta a hipótese de ela ser originada em sistemas eletrônicos, e não em peças mecânicas, como afirmava anteriormente. Até agora, disse, a Toyota não encontrou evidências de problemas nos computadores embarcados, "mas continuamos a olhar potenciais causas". Lentz disse que a empresa está instalando novo sistema de frenagem nos carros.
Em declaração lida por Lentz, Akio Toyoda, presidente da montadora, escreveu que temia que o ritmo de crescimento obtido por sua empresa nos últimos dez anos, quando elevou suas vendas em cerca de 50%, tenha sido rápido demais. Em 2008, a Toyota se tornou a maior montadora do mundo.
Segundo ele, as prioridades da empresa sempre foram segurança, qualidade e volume.
Mas, em seu período de intenso avanço, "as prioridades se confundiram, e não fomos capazes de parar, pensar e fazer melhorias na mesma escala que costumávamos anteriormente".
"Priorizamos o crescimento em lugar de pensarmos no tempo necessário ao desenvolvimento do nosso pessoal e de nossa organização. Lamento que isso tenha resultado em problemas de segurança e nos recalls que hoje enfrentamos, e peço as mais sinceras desculpas pelos acidentes que os motoristas de Toyotas sofreram."
Enquanto o texto foi divulgado, outro comitê ouvia o depoimento de Rhonda Smith, uma mulher do Tennessee que relatou os momentos de pânico que viveu em 2006, quando seu sedã Lexus começou a acelerar descontroladamente para mais de 160 km/h. Smith declarou que apertou botões, mudou de marcha e freou, mas seu carro só parou após dez quilômetros.
Na abertura da sessão, os legisladores afirmaram que o objetivo era compreender por que a Toyota não respondeu de maneira adequada às informações de incidentes de aceleração.
Smith contou que um técnico da empresa sugeriu que a causa do acidente havia sido o uso dos freios quando os pneus do carro estavam sem aderência. "Fomos chamados de mentirosos."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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