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VAREJO
Grupos como Wal-Mart, Pão de Açúcar e Carrefour trazem desemprego às lojas da vizinhança, diz Fecomercio-SP
Grandes redes destroem pequeno comércio
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um gigantesco grupo varejista
que já inaugurou 22 hipermercados ou supermercados, fatura R$
1,5 bilhão por ano e emprega
7.500 pessoas é um excelente benefício para o país, certo? Há
quem discorde.
Para a Federação do Comércio
do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), que representa principalmente pequenos e médios
comerciantes, estabelecimentos
como os do grupo Wal-Mart, descrito acima, significam, na realidade, desemprego em massa nas
lojas da vizinhança.
"Cada emprego gerado por
uma grande loja do Wal-Mart,
Pão de Açúcar e Carrefour acarreta o corte de uma vaga e meia nos
pequenos estabelecimentos", afirma Manuel Ramos, vice-presidente da entidade.
Isso porque os hipermercados
praticam preços mais baratos devido ao grande volume de encomendas que fazem e, como têm
uma variedade muito grande de
produtos, afetam os negócios de
pequenas butiques.
Para impor barreiras contra o
poder das grandes redes varejistas
sobre o comércio em geral, a Fecomércio tem um projeto de lei na
Câmara Municipal de São Paulo e
outro na Câmara dos Deputados.
"Queremos uma lei federal que
exija estudos de impactos socioeconômicos em projetos comerciais com mais de mil metros quadrados", explica Ramos. Os estudos, que ficariam a cargo das prefeituras, levariam em conta, por
exemplo, a área de influência dos
empreendimentos.
"Seria possível medir, por
exemplo, quantas padarias seriam diretamente atingidas por
um hipermercado. E proibir que
um hipermercado venda pães."
O projeto de lei da Fecomercio
na Câmara Municipal de São Paulo prevê a criação de um conselho
que analise os estudos de impacto
socioeconômico e aprove ou reprove novos empreendimentos.
Migração de consumidores
O impacto das grandes redes sobre os pequenos e médios varejistas tem sido estudado por vários
economistas. Kenneth Stone, professor da Universidade Estadual
de Iowa, nos Estados Unidos,
acompanha desde 1988 os efeitos
do grupo Wal-Mart.
Um de seus estudos mostra que
depois de dez anos da chegada
das lojas Wal-Mart em 34 cidades
de Iowa, o comércio dos municípios aumentou 25%. Mas afetou
15 cidades vizinhas que não tinham os estabelecimentos. Elas
amargaram queda de 34%.
"Daí se entende que as pessoas
que moram em municípios de Iowa sem lojas da cadeia provavelmente viajaram para as cidades
vizinhas para fazer suas compras", avalia Stone.
"Devido aos seus métodos extremamente eficientes de gestão,
grupos como o Wal-Mart causam
o fechamento de pequenas lojas
locais", disse o economista.
Benefícios
Mas há quem considere que a
concorrência dos grandes grupos
varejistas é basicamente benéfica,
pois forçaria a modernização das
pequenas lojas.
É o caso de Edgard Menezes,
coordenador do Programa de Administração de Varejo da FEA
(Faculdade de Economia e Administração) da USP.
"O impacto causado por lojas
como as da rede Wal-Mart é violento. Para sobreviver, comerciantes devem modernizar-se e
melhorar o atendimento."
Outra saída para enfrentar os gigantes do varejo seria a criação de
cooperativas de lojas. "Pequenos
e médios comerciantes do mesmo
ramo devem se unir para fazer
compras em grandes volumes, o
que lhes garante descontos com
fornecedores."
Menezes concorda que seriam
bem-vindas barreiras que protegessem temporariamente alguns
ramos, como pequenas lojas de
roupas, do ataque dos gigantes do
varejo. "Isso, até que os lojistas se
adaptem à concorrência."
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