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REUNIÃO DO BID
Desempenho econômico é elogiado em Milão; reformas tributária e previdenciária
são novo desafio ao país
Brasil ainda não se estabilizou, diz banqueiro
EDUARDO SIMANTOB
ENVIADO ESPECIAL A MILÃO
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, ouviu elogios
à atual política econômica do Brasil, ontem, em simpósio do qual
participou durante a reunião
anual do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em
Milão, na Itália.
No simpósio, cujo tema era Gerenciamento de Crise na América
Latina: O Pior Já Passou?, Meirelles afirmou que não haverá surpresas na política monetária brasileira.
A boa situação do Brasil em
comparação com os países vizinhos foi elogiada pelo presidente
do banco Credit Suisse First Boston, David Mulford. Em entrevista à Folha, Mulford disse que o
pânico dos investidores em relação ao Brasil já passou. "Mas é claro que [o pânico" ainda pode voltar, uma hora ou outra. Não podemos dizer que a situação está
estabilizada."
Para Mulford, "o Brasil está indo muito bem no momento, assim como alguns bolsões latino-americanos. O sucesso do novo
governo do Brasil é fundamental
para a recuperação de toda a região."
A exposição de Meirelles também causou boa impressão ao
presidente do BankBoston para o
Brasil e o México, Geraldo Carbone. O banqueiro disse à Folha que
"o pânico já passou, o momento
agora é de cautela".
Ele e executivos de outros bancos presentes ao simpósio (Bradesco, Unibanco, Santander, Itaú
e BBA) disseram que esperam ansiosamente o texto do governo
para as reformas previdenciária e
tributária. "Isso será o sinal concreto do que virá pela frente", disse Carbone.
Para o analista econômico David Beers, diretor da agência de
avaliação de risco Standard &
Poor's, o governo brasileiro tem
seis meses para provar que pode
implementar as reformas econômicas prometidas e que animaram os investidores estrangeiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva tem afirmado que os projetos para as reformas tributária e
da Previdência serão levados ao
Congresso ainda neste semestre.
"Em seis meses poderemos julgar
se a estratégia do governo dará
certo", afirmou Beers.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, esteve reunido
com analistas de risco do banco
Salomon Smith Barney e outros
investidores estrangeiros para
tranquilizá-los sobre os rumos da
política econômica do governo.
Pessimismo com o Mercosul
Questionado sobre como vê o
Mercosul, um dos temas centrais
debatidos no encontro do BID,
Mulford foi pessimista. Disse que
não analisa a região como um bloco, principalmente por causa da
Argentina. "A Argentina até agora não mostrou nenhum sinal de
recuperação política confiável.
Minha impressão sobre ela é muito negativa."
As críticas de Mulford estenderam-se também à politica econômica americana. Republicano de
carteirinha, ex-subsecretário do
Tesouro nas administrações Reagan e George Bush pai, Mulford
lamentou que "a atual administração até hoje não apresentou
uma estratégia econômica global,
como costumava haver antes".
Segundo ele, é o que se devia esperar da mais importante economia do planeta. Para Mulford, isso pode ter sérias consequências
para os tradicionais parceiros comerciais dos EUA, como Europa,
Japão e China, e principalmente
para os mercados emergentes.
A guerra no Iraque não esteve
na pauta das discussões, oficiais e
paralelas, da reunião do BID. Mas
seus efeitos foram percebidos. A
guerra foi a justificativa para a ausência tanto de William Rhodes,
vice-presidente sênior do Citigroup, como de John Taylor, sub-secretário para Assuntos Internacionais do Tesouro americano, no
simpósio promovido pelo Instituto Internacional de Finanças.
Com agências internacionais
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