São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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OPERAÇÃO DISSOLVE

Ação ocorreu nos Estados de São Paulo, Minas e Mato Grosso

PF prende 8 por adulterar gasolina

DANIELE SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIRACICABA

A Polícia Federal prendeu ontem oito suspeitos de integrar uma quadrilha que adulterava gasolina nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Outros cinco suspeitos, para os quais já foram expedidos mandados de prisão, estão foragidos. A operação foi coordenada pela seccional da PF em Piracicaba (162 km a noroeste de São Paulo).
Os oito suspeitos -seis de Limeira, um de Cordeirópolis e um de Guarujá- estão presos na sede da PF em Limeira (150 km de São Paulo), provável base da quadrilha. Na ação, também foram apreendidos pelo menos dez veículos, entre eles dois caminhões utilizados para o transporte de combustível. Há mandados para a apreensão de mais de 30 caminhões.
A Polícia Federal não revelou o nome dos presos, nem das empresas onde foram realizadas as apreensões, para "não atrapalhar as investigações". O órgão informou apenas que alguns dos presos são "empresários de alto poder aquisitivo".
A quadrilha, que vinha sendo investigada há quatro anos pelo Ministério Público de São Paulo e há dois anos pela PF, vendia gasolina misturada a solventes utilizados para a fabricação de tintas. A organização constituía empresas de fachada, em nome de "laranjas", com sede nos Estados de Pará, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.
Essas empresas compravam os solventes em indústrias químicas. Em vez de serem levados aos supostos Estados de origem das empresas, os solventes eram desviados para bases clandestinas de mistura e distribuidoras de combustíveis. A gasolina, misturada com o álcool e os solventes, era então vendida em postos de terceiros ou de integrantes da própria quadrilha.
A Operação Dissolve foi feita em parceria com o Ministério Público Federal, o Ministério Público de São Paulo e a Secretaria de Fazenda de São Paulo. Além da prisão dos oito suspeitos e da apreensão de veículos, também foram apreendidos documentos e computadores em dez postos de combustível, quatro transportadoras, duas distribuidoras e duas indústrias químicas. Com exceção de uma transportadora de Cuiabá (MT), todas as empresas onde ocorreram as apreensões ficam na região de Piracicaba.
Também foram recolhidas amostras de gasolina, que serão testadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo. O resultado deve sair na próxima quarta-feira. Nenhum posto foi lacrado. Segundo a Secretaria da Fazenda, os postos que tiverem a adulteração confirmada perderão a inscrição estadual, conforme determina lei estadual.
Na operação, também foi descoberta uma "base misturadora" em uma chácara em Porto Feliz (112 km a noroeste de São Paulo), onde parte da gasolina adulterada pela quadrilha recebia a adição dos solventes.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, a adulteração a mistura é "sofisticada" e feita por especialistas.
De acordo com o promotor Fernando Viana, o principal objetivo da operação foi coletar provas para mover uma ação criminal. Os envolvidos podem responder pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.


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