São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Ingresso da China como parceira é uma das novas prioridades do BID

Banco também vai começar a abrir as portas para o investimento privado

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DA GUATEMALA

Hugo Beteta Méndez-Ruiz, ministro das Finanças da Guatemala, acabou de assumir a presidência da assembléia de governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), durante o encontro anual da instituição, que aconteceu na capital do país.
Ele diz que a América Latina agora está "caminhando para desenvolver um capitalismo genuinamente americano" porque os seus líderes "têm consciência da importância da continuidade dos esforços" para um crescimento sustentado no longo prazo. Leia abaixo trechos da entrevista à Folha:

 

FOLHA - Quais são as prioridades para o seu mandato?
HUGO BETETA MÉNDEZ-RUIZ -
Duas: o processo de realinhamento do BID e a discussão sobre o ingresso da China como parceira do banco. Henry Paulson, secretário do Tesouro dos EUA, visitou-nos nesta semana e disse apoiar a idéia.

FOLHA - Já há alguma estimativa para o valor do aporte inicial a ser feito pela China a fim de que entre como sócia do BID?
RUIZ -
Ainda não, mas acho que teria que ser substancial. É muito bem-vindo o interesse da China em participar do sistema de cooperação internacional e das discussões sobre o desenvolvimento da América Latina.

FOLHA - E como é esse processo de realinhamento do BID?
RUIZ -
O BID está agora se renovando -e essa foi uma das propostas discutidas no ano passado, quando o encontro se deu no Brasil, em Belo Horizonte-, abrindo a porta para o investimento privado. Nós, por exemplo, aprendemos muito com o Ministério do Planejamento, no Brasil, e as PPPs (Parcerias Público-Privadas). O banco também está criando uma vice-presidência para o setor privado e discutindo bastante esse assunto.

FOLHA - Na abertura do fórum de negócios da reunião, o vice-presidente da Guatemala fez uma crítica bastante contundente a como o autoritarismo na América Latina pode justamente prejudicar o investimento feito pelas empresas privadas. O senhor concorda?
RUIZ -
Ele se referia ao que aconteceu na região nas décadas de 60 e 70.

FOLHA - Mas ele comentou depois que isso está se reacendendo em alguns países latino-americanos, como a Venezuela e a Bolívia...
RUIZ -
Acho que todos os países têm direito a buscar o seu próprio modelo, a procurar opções, se é de uma forma democrática. É bom termos a mente aberta para entender isso. Sabemos que pacotes não dão certo, às vezes políticas menos ortodoxas podem dar.

FOLHA - A Venezuela lançou agora o Banco do Sul e alguns países já demonstraram intenção de participar. O senhor acha que há espaço para mais um órgão de fomento na região e que ele vai se colocar como oposição ao BID, como alguns especialistas já comentaram?
RUIZ -
A região tem uma necessidade muito grande de investimento, precisaríamos ter mais bancos. Dizer que vai ser uma oposição ao BID é uma reação típica da Guerra Fria. Temos que pensar diferente agora. Sou muito pragmático, e creio que mais um banco para apoiar a região é bem-vindo. Sempre falamos tanto que a concorrência é positiva, por que deveríamos ter medo? Que bom se há mais recursos para investimento.


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