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Ingresso da China como parceira é uma das novas prioridades do BID
Banco também vai começar a abrir as portas para o investimento privado
DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DA GUATEMALA
Hugo Beteta Méndez-Ruiz,
ministro das Finanças da Guatemala, acabou de assumir a
presidência da assembléia de
governadores do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), durante o encontro
anual da instituição, que aconteceu na capital do país.
Ele diz que a América Latina
agora está "caminhando para
desenvolver um capitalismo
genuinamente americano"
porque os seus líderes "têm
consciência da importância da
continuidade dos esforços" para um crescimento sustentado
no longo prazo. Leia abaixo trechos da entrevista à Folha:
FOLHA - Quais são as prioridades
para o seu mandato?
HUGO BETETA MÉNDEZ-RUIZ - Duas:
o processo de realinhamento
do BID e a discussão sobre o ingresso da China como parceira
do banco. Henry Paulson, secretário do Tesouro dos EUA,
visitou-nos nesta semana e disse apoiar a idéia.
FOLHA - Já há alguma estimativa
para o valor do aporte inicial a ser
feito pela China a fim de que entre
como sócia do BID?
RUIZ - Ainda não, mas acho que
teria que ser substancial. É
muito bem-vindo o interesse
da China em participar do sistema de cooperação internacional e das discussões sobre o
desenvolvimento da América
Latina.
FOLHA - E como é esse processo de
realinhamento do BID?
RUIZ - O BID está agora se renovando -e essa foi uma das
propostas discutidas no ano
passado, quando o encontro se
deu no Brasil, em Belo Horizonte-, abrindo a porta para o
investimento privado. Nós, por
exemplo, aprendemos muito
com o Ministério do Planejamento, no Brasil, e as PPPs
(Parcerias Público-Privadas).
O banco também está criando
uma vice-presidência para o setor privado e discutindo bastante esse assunto.
FOLHA - Na abertura do fórum de
negócios da reunião, o vice-presidente da Guatemala fez uma crítica
bastante contundente a como o autoritarismo na América Latina pode
justamente prejudicar o investimento feito pelas empresas privadas. O senhor concorda?
RUIZ - Ele se referia ao que
aconteceu na região nas décadas de 60 e 70.
FOLHA - Mas ele comentou depois
que isso está se reacendendo em alguns países latino-americanos, como a Venezuela e a Bolívia...
RUIZ - Acho que todos os países
têm direito a buscar o seu próprio modelo, a procurar opções,
se é de uma forma democrática.
É bom termos a mente aberta
para entender isso. Sabemos
que pacotes não dão certo, às
vezes políticas menos ortodoxas podem dar.
FOLHA - A Venezuela lançou agora
o Banco do Sul e alguns países já demonstraram intenção de participar.
O senhor acha que há espaço para
mais um órgão de fomento na região e que ele vai se colocar como
oposição ao BID, como alguns especialistas já comentaram?
RUIZ - A região tem uma necessidade muito grande de investimento, precisaríamos ter mais
bancos. Dizer que vai ser uma
oposição ao BID é uma reação
típica da Guerra Fria. Temos
que pensar diferente agora. Sou
muito pragmático, e creio que
mais um banco para apoiar a
região é bem-vindo. Sempre falamos tanto que a concorrência
é positiva, por que deveríamos
ter medo? Que bom se há mais
recursos para investimento.
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