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Commodities e inflação vão ditar rumos do mercado
No Brasil, BC deve divulgar o novo relatório de inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
Assunto de debate na semana passada, a queda no preço
das commodities seguirá preocupando os investidores no
Brasil nesta semana. Isso porque mais da metade do Ibovespa, principal índice da Bolsa
paulista, está ligado a empresas
produtoras de commodities,
como Vale e Petrobras, cujas
ações ON tiveram perdas de
10,47% e 11,43%, respectivamente, na semana passada.
A maioria dos investidores
acredita que o recuo nos preços
foi uma correção pontual, motivada pela necessidade de caixa de fundos estrangeiros, após
a forte escalada nas cotações
desde o ano passado.
Mas há dúvidas quanto à extensão das perdas e a duração
da correção nos preços, que dependem hoje do quanto a crise
americana vai afetar a economia chinesa. "Ninguém sabe de
quanto tempo os EUA precisarão para resolver a crise e retomar o crescimento. O que se
pode afirmar com mais segurança é que a China continuará
a crescer rapidamente nesse
período, mesmo com a crise
nos EUA. Para os produtores de
commodities, isso é garantia de
demanda", afirma Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.
Os investidores esperam
mais uma semana tensa nos
mercados, com temor de mais
perdas contábeis assumidas
pelos bancos. Na sexta-feira, a
agência de classificação de riscos Standard & Poor's decidiu
colocar em perspectiva negativa os bancos Goldman Sachs e
Lehman Brothers, o que significa que poderá rebaixá-los.
"A forte volatilidade presente nos mercados deve continuar. Acreditamos que os mercados sigam sem uma tendência definida no curto prazo",
disse Júlio Martins, diretor da
Prosper Gestão de Recursos.
"Na semana passada, a desvalorização das commodities
forçou a queda nos mercados.
Para esta semana devemos esperar novamente o mesmo estresse, uma vez que teremos
importantes indicadores, principalmente no setor externo",
disse Marcelo Dores Moreira,
da Coinvalores.
Nos EUA, sai amanhã o índice de confiança do consumidor,
indicador mais aguardado da
semana. A pesquisa deverá
mostrar novo recuo nas perspectivas para o consumo nos
EUA. Na semana passada, pesquisa feita pela rede de TV
CNN mostrou que 74% dos
americanos acreditam que o
país já está em recessão.
Na agenda interna, o destaque da semana fica para o relatório trimestral de inflação,
previsto para ser divulgado até
sexta-feira. O relatório deverá
trazer as projeções para a inflação neste ano e em 2009. Na última ata do Copom, a expectativa era a de que a inflação ficasse
no centro da meta, em 4,5% pelo IPCA. Para 2009, poderia ficar um pouco abaixo disso.
"Acreditamos que o BC poderá reforçar no relatório de inflação o seu discurso "hawkish"
[de aumento de juros]. Os últimos dados do PIB e das vendas
no varejo podem confirmar a
suspeita, levantada na ata do
Copom, de que o ritmo de expansão da demanda doméstica
continua não apenas robusto,
mas acelerando desde o início
do ano", disse Elson Teles, economista da Concórdia.
Na quarta, o IBGE divulga o
IPCA-15 deste mês, que deve
ter aumento de 0,3%, após subir 0,64% em fevereiro. O índice funciona como uma prévia
do IPCA.
Na sexta, a FGV anuncia o resultado do IGP-M deste mês. A
expectativa é de alta de 0,86%
por conta da aceleração dos
preços no atacado. Em fevereiro, a alta havia sido de 0,53%.
Na quinta, o IBGE divulga a
taxa de desemprego de fevereiro, que deve ter ficado em 8,5%
da PEA. Em janeiro, estava em
8%.
(TONI SCIARRETTA)
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