São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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Comércio global terá maior queda desde Segunda Guerra

Segundo OMC, recuo deve chegar a 9% neste ano por causa da crise econômica

Lamy viaja aos EUA para tentar convencer país a apoiar Rodada Doha, que poderia barrar expansão do protecionismo na crise


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

A OMC (Organização Mundial do Comércio) calculou em 9% a retração que o comércio global sofrerá neste ano, como consequência da crise, no que seria o maior recuo desde a Segunda Guerra (1939-45).
O dado é uma antecipação do relatório que será divulgado amanhã pela OMC.
O diretor-geral da organização, Pascal Lamy, chegou ontem aos EUA para tentar convencer as lideranças do pais da necessidade de concluir a estagnada Rodada Doha de liberalização do comércio global, lançada em 2001.
Um acordo sobre a rodada seria "uma apólice de seguro" contra novas medidas protecionistas, na medida em que as tarifas de importação seriam necessariamente reduzidas e os subsídios também cairiam, o que, no caso, favorece países, como o Brasil, que praticamente não subsidiam sua produção agrícola.
Ao acenar com a hipótese de novas medidas protecionistas em tempos de crise, Lamy já sabe que o relatório a ser divulgado amanhã também faz uma reavaliação das restrições ao comércio adotadas no mundo desde o agravamento da crise, no final do ano passado.
Relatório do Banco Mundial mostrou que, desde que os países do G20 se comprometeram em novembro a combater o protecionismo e a se esforçar para concluir Doha, 17 deles adotaram 47 medidas de restrição ao comércio.
Mas tanto esse documento como o primeiro relatório do OMC sobre protecionismo na esteira da crise afirmavam que não havia ainda um efeito significativo dessas restrições no comércio, bloqueado pela queda da atividade econômica, numa ponta, e pelas dificuldades de crédito para exportação na outra, e não pelo protecionismo propriamente dito.
Antes de viajar, Lamy conversou com o chanceler brasileiro Celso Amorim, outro dos cruzados de Doha, que sugeriu ao diretor-geral da OMC que focasse os políticos na sua viagem aos Estados Unidos, em vez de se concentrar nos empresários eventualmente temerosos de que uma invasão de produtos estrangeiros agrave ainda mais a crise de cada setor da economia interna.
A avaliação comum de Lamy e de Amorim é a de que a grande dificuldade no momento não é propriamente uma posição norte-americana contrária ao fechamento da rodada, mas a absoluta falta de posição do novo governo dos EUA.


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