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Comércio global terá maior queda desde Segunda Guerra
Segundo OMC, recuo deve chegar a 9% neste ano por causa da crise econômica
Lamy viaja aos EUA para tentar convencer país a apoiar Rodada Doha, que poderia barrar expansão
do protecionismo na crise
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
A OMC (Organização Mundial do Comércio) calculou em
9% a retração que o comércio
global sofrerá neste ano, como
consequência da crise, no que
seria o maior recuo desde a Segunda Guerra (1939-45).
O dado é uma antecipação do
relatório que será divulgado
amanhã pela OMC.
O diretor-geral da organização, Pascal Lamy, chegou ontem aos EUA para tentar convencer as lideranças do pais da
necessidade de concluir a estagnada Rodada Doha de liberalização do comércio global,
lançada em 2001.
Um acordo sobre a rodada
seria "uma apólice de seguro"
contra novas medidas protecionistas, na medida em que as
tarifas de importação seriam
necessariamente reduzidas e
os subsídios também cairiam, o
que, no caso, favorece países,
como o Brasil, que praticamente não subsidiam sua produção
agrícola.
Ao acenar com a hipótese de
novas medidas protecionistas
em tempos de crise, Lamy já sabe que o relatório a ser divulgado amanhã também faz uma
reavaliação das restrições ao
comércio adotadas no mundo
desde o agravamento da crise,
no final do ano passado.
Relatório do Banco Mundial
mostrou que, desde que os países do G20 se comprometeram
em novembro a combater o
protecionismo e a se esforçar
para concluir Doha, 17 deles
adotaram 47 medidas de restrição ao comércio.
Mas tanto esse documento
como o primeiro relatório do
OMC sobre protecionismo na
esteira da crise afirmavam que
não havia ainda um efeito significativo dessas restrições no comércio, bloqueado pela queda
da atividade econômica, numa
ponta, e pelas dificuldades de
crédito para exportação na outra, e não pelo protecionismo
propriamente dito.
Antes de viajar, Lamy conversou com o chanceler brasileiro Celso Amorim, outro dos
cruzados de Doha, que sugeriu
ao diretor-geral da OMC que
focasse os políticos na sua viagem aos Estados Unidos, em
vez de se concentrar nos empresários eventualmente temerosos de que uma invasão de
produtos estrangeiros agrave
ainda mais a crise de cada setor
da economia interna.
A avaliação comum de Lamy
e de Amorim é a de que a grande dificuldade no momento
não é propriamente uma posição norte-americana contrária
ao fechamento da rodada, mas
a absoluta falta de posição do
novo governo dos EUA.
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