São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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IPI menor elevou arrecadação, diz Anfavea

Setor automotivo envia a governo estudo mostrando que corte no IPI aumentou ganho em impostos como PIS/Cofins


Indústria afirma ainda que desemprego teria crescido mais ainda no país sem a desoneração e cobra renovação do benefício

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

A redução do IPI para o setor automotivo gerou uma venda adicional de 170 mil veículos de dezembro até o fim de março. E a geração total de impostos diretos (IPI, PIS/Cofins, IOF, ICMS e IPVA) também aumentou em R$ 551 milhões no mesmo período.
Os números, calculados pelo setor, foram encaminhados ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em trabalho elaborado em conjunto pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores e pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
O objetivo é reforçar a necessidade de prorrogar a redução do IPI na venda de veículos, cujo término está previsto para o dia 31. A Folha antecipou que o governo já tomou a decisão de prorrogar a medida por mais três meses.
De acordo com o estudo, em dezembro foram vendidos 195 mil veículos, mas, sem a redução do IPI, o total comercializado teria sido de 167 mil. Já em janeiro, foram comercializados 197 mil veículos. Sem a desoneração, as vendas teriam sido de 147 mil. Em fevereiro, as vendas alcançaram 199 mil, mas seriam 149 mil sem a redução do IPI, sempre segundo o estudo.
Já em março, o mês deve fechar com um total de 240 mil veículos comercializados. Sem a redução do IPI, teriam sido vendidas 155 mil unidades. Os números de março sofreram o efeito da compra antecipada de veículos pelo receio do término do benefício.
Um dos efeitos mais favoráveis da medida, na opinião de Jackson Schneider, presidente da Anfavea, foi o aumento da geração de impostos diretos. Sem a redução do IPI, o total de impostos diretos gerados com a venda de veículos seria de R$ 5,5 bilhões. Com a medida, foram gerados R$ 6 bilhões, alta de 10% em relação ao que era previsto arrecadar.
Segundo o estudo, o governo perdeu apenas na arrecadação do próprio IPI, que sofreu uma queda de 44,2% (menos R$ 592 milhões) com a redução do imposto em dezembro. Mas a geração de todos os outros impostos diretos que incidem sobre os veículos aumentou. O ganho no PIS/Cofins foi de 32% (mais R$ 521 milhões), do ICMS, de 24,6% (mais R$ 533 milhões), do IPVA, de 24,6% (mais R$ 89 milhões), e do IOF, de 23,8% (mais R$ 500 mil).
Para Paulo Butori, presidente do Sindipeças, outro grande benefício da redução do IPI foi no nível de emprego. De dezembro até hoje foram dispensados 38 mil empregados da cadeia automotiva. Se não fosse a medida, Butori disse que os cortes seriam muito maiores.
Segundo ele, essas dispensas foram provocadas principalmente pela queda das exportações de automóveis.
O crescimento do mercado interno não foi suficiente para recuperar toda a produção de automóveis antes da crise, que estava em cerca de 240 mil veículos por mês.


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