São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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CNA apresenta pauta para infraestrutura

Com apoio de comissão do Senado, plano visa usar verbas do PAC para projetos de escoamento da safra

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) apresenta hoje à Comissão de Infraestrutura do Senado uma pauta com as grandes reivindicações da agricultura e da pecuária brasileira na área de transporte. A ideia da CNA é obter apoio dos senadores em projetos como a construção de hidrovias, a recuperação dos portos e investimentos na reconstrução e na reforma de rodovias federais usadas como corredores de exportação.
A reportagem da Folha embarcou num caminhão usado no transporte da safra de grãos e cruzou durante cinco dias 2.470 quilômetros de estradas federais no Centro-Oeste do país. A jornada revelou o colapso em corredores das BRs 163, 364 e 452 entre os Estados de Mato Grosso e Goiás.
A situação começa a representar ameaça a regiões produtoras em que o custo de transporte se torna ano a ano proibitivo para manter a produção na região. O próprio governo informou à reportagem que paga R$ 1 bilhão por ano para equalizar os custos de transporte e, dessa forma, minorar a perda de competitividade decorrente da carência da infraestrutura.
A CNA começou a fazer um levantamento sobre a situação de todas as grandes regiões produtoras do país. Segundo a senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da confederação, o país deveria investir em hidrovias e portos, além de manter as estradas.
O Centro-Oeste, foco da reportagem publicada no domingo, segundo Abreu, poderia ter à disposição três hidrovias através das quais escoaria a produção com baixíssimos custos de transporte.
"Nós temos na região três Mississippis [referência ao rio norte-americano] e não usamos nenhum", diz. Além da hidrovia do Madeira, em operação, mas com escala pequena (transporta por ano cerca de 2 milhões de toneladas de grãos), há o complexo hidroviário Teles Pires/Tapajós (projeto em estudo), além do rio Tocantins.
O problema, segundo Abreu, é a falta de planejamento entre os projetos hidrelétricos e os de transportes. A situação do rio Tocantins é emblemática, afirma. A construção da usina de Lajeado, próximo a Palmas, não previu eclusa para navegação. A obra, mais tarde, foi proposta e iniciada, mas, por ora, está parada. A eclusa de Tucuruí deve sair do papel, mas há entre as duas a usina de Estreito na divisa entre os Estados de Tocantins e Maranhão. Nesse caso não há sequer projeto executivo de eclusa.

Custos altos
Para Newton Gibson, presidente da ABTC (Associação Brasileira dos Transportadores de Carga) e vice-presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), o caos nas estradas representa atualmente custos com manutenção que tomam em média 40% da receita de frete.
Além dos investimentos em manutenção de rodovias, o governo federal deveria, segundo ele, acelerar as concessões para o setor privado.
"Não sei qual a razão por que isso não anda, mas o governo precisa acordar para isso", diz.


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