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Lula espera juro real de 6% até o final do ano
Para Planalto, trocas no BC devem reduzir conservadorismo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A expectativa do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva é que a
taxa real de juros básicos em
dezembro esteja em cerca de
6% ao ano. Isso significaria
uma taxa Selic nominal de cerca de 10%. Hoje a Selic está em
12,5% ao ano -taxa real ligeiramente superior a 8%.
Essa é a previsão de uma ala
do governo que avalia que esse
cenário será possível devido à
combinação das trocas na direção da instituição, o alto valor
do real em relação ao dólar e a
continuidade de um cenário
externo favorável.
As saídas de Afonso Bevilaqua da diretoria de Política
Econômica e a de Rodrigo Azevedo da diretoria de Política
Monetária, as duas mais importantes do BC, são vistas pelo
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, como um sinal de que
os juros poderão cair mais celeremente. Essa é também a visão de Lula e alguns auxiliares.
Os substitutos de ambos seriam homens do mercado, mas
com visão menos conservadora
do que da dupla que saiu.
Apesar de o BC ter aumentado neste ano o volume de compra de dólares, a fim de valorizar a cotação da moeda americana e aumentar suas reservas,
o efeito sobre o câmbio tem sido praticamente inócuo. Para o
Planalto, uma queda mais rápida dos juros ajudaria a levar o
dólar de volta para um patamar
entre R$ 2,15 e R$ 2,20.
Mais: com a diminuição do
risco-país e a possibilidade de o
Brasil receber o chamado "investment grade" (recomendação para investimento dada por
agências de risco americanas),
haveria mais estímulo à entrada de dólares no país. Logo,
existiriam mais argumentos
técnicos para baixar os juros
mais rapidamente. E o "investment grade", uma boa notícia,
poderia ter um efeito "negativo" para alguns setores da economia, sobretudo o exportador: valorizar ainda mais o real.
A última reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária), órgão do BC que se reúne a
cada 45 dias para fixar a Selic,
teria dado um indicativo pró-queda mais célere dos juros.
Dos sete diretores presentes,
quatro votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual e
três por diminuição de 0,5 ponto percentual.
Lula e alguns ministros avaliam que o Copom poderia ter
optado por 0,5 ponto percentual, mas interpretaram o placar como sinal de que há espaço
para quedas desse tamanho nas
próximas reuniões.
Meta de inflação
A área econômica já travou
alguns debates internos a respeito da meta de inflação de
2009, que precisará ser fixada
até o final de junho. Há grande
chance de o governo optar por
4% ao ano.
Atualmente, a meta é de
4,5%, com intervalo de variação
de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Seria
uma redução para sinalizar a
continuidade da preocupação
de Lula em manter a inflação
sobre controle.
Os ministros Mantega e Paulo Bernardo (Planejamento)
deverão discutir o assunto com
Lula em breve. O presidente do
BC, Henrique Meirelles, também participará da decisão.
Com um meta de inflação menor, aumentará o espaço para a
redução de juros.
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