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Área econômica quer reajustar gasolina logo
BC chegou a considerar na última reunião do Copom alta na gasolina e no diesel neste ano, o que pesou na decisão do juro
Aumento do diesel deve
ser anunciado antes do
que o da gasolina por ter impacto menor no IPCA,
o índice oficial de inflação
SHEILA D'AMORIM
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do Banco Central
de elevar os juros e a magnitude
do aumento anunciado na semana passada (0,5 ponto percentual) abriram caminho para
uma rodada de reajuste do preço dos combustíveis no país. O
último reajuste oficial da gasolina no país foi em 2005.
A possibilidade de alta na gasolina e, especialmente, no diesel foi considerada na última
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) e, apesar
de os modelos estabelecidos
pelos diretores do BC ainda
manterem oficialmente a projeção de que não haverá reajuste em 2008, um dos cenários
debatidos levou em conta a hipótese e pesou na decisão final.
Dentro do governo, segundo
a Folha apurou, a avaliação é
que seria melhor diluir logo o
efeito do reajuste na inflação
deste ano. Isso evitaria o acúmulo de pressões inflacionárias para os preços administrados em 2009, que não contariam mais com reduções nas
tarifas como aconteceu neste
ano no setor de energia.
Como a alta dos juros demora cerca de seis meses para surtir efeito na economia real, o ciclo de elevação iniciado pelo
BC ajudaria a amenizar o impacto da alta dos combustíveis
no índice de preços deste ano.
Além disso, mesmo sem um
reajuste oficial, a inflação e as
expectativas de consumidores
e empresários já estão sendo
contaminadas por uma perspectiva de alta por causa da
persistente elevação da cotação
do petróleo no mercado internacional. Ontem ele fechou em
US$ 118,30, novo recorde.
A gasolina representa quase
5% do IPCA, índice de inflação
de referência para o governo.
Indiretamente, ela afeta a cadeia produtiva, e a Petrobras
vem aumentando preços de outros produtos como óleo combustível, nafta e querosene. Os
índices de preço já captam essas elevações, que pressionam
os custos das empresas.
O impacto do aumento no
diesel é menor: é menos de 1%
do IPCA e, com isso, a expectativa é que seja anunciado antes.
As consultorias, que trabalhavam até o início do ano com
a perspectiva de não haver reajuste em 2008, já reviram suas
projeções. De acordo com a
economista Marcela Prada, da
consultoria Tendências, neste
ano a valorização do real em relação ao dólar não deverá conter os efeitos da alta da cotação
internacional do barril de petróleo, como no ano passado.
"É bem provável que haja um
reajuste. A defasagem aumentou muito nos últimos dias",
afirmou. Segundo Prada, a defasagem para a gasolina estaria
em aproximadamente 20%.
De acordo com Fábio Silveira, da RC Consultores, a defasagem está em 16% na gasolina
e em 24% no diesel.
A defasagem acontece porque, desde 2002, a Petrobras
deveria equiparar seus preços
internos de derivados aos preços que seriam praticados em
caso de importação dos produtos. Dessa forma, em tese, haveria competição no mercado.
Ele não acredita que a Petrobras vá reajustar nesses níveis.
Segundo o economista, poderá
haver um pequeno aumento
em junho (no máximo 5%) e
outro em dezembro, no mesmo
percentual, que terá efeitos só
na inflação de 2009. Para Silveira, a alta dos juros não influencia nos reajustes por ser
uma inflação de custos.
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