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PF prende outro do Credit Suisse por evasão
Christian Weiss é o segundo executivo do banco a ser preso no país desde 2006, e polícia vê mudança de esquema
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem num hotel cinco estrelas
do Rio de Janeiro o executivo
suíço Christian Peter Weiss, do
banco suíço Credit Suisse. Ele
estava no Brasil havia cerca de
15 dias captando clientes brasileiros que quisessem abrir contas na Suíça, segundo a PF. Passou por São Paulo, pelo interior
paulista e pelo Rio.
Weiss, que é fluente em português, parecia conhecer o risco que corria no Brasil. Ele tinha um manuscrito com instruções sobre o que responder
à polícia caso fosse preso. O suíço voltaria amanhã ao seu país.
O executivo é acusado pela
PF de operar instituição financeira no Brasil sem autorização
do Banco Central, de evasão de
divisas e de lavagem de dinheiro. Caso seja condenado por esses três crimes, pode pegar até
20 anos de prisão.
Ele é o segundo executivo
suíço do Credit preso pela PF
no Brasil. Em 2006, o economista Peter Schaffner foi preso
numa sala VIP do aeroporto de
Cumbica, quando se preparava
para voltar à Suíça.
Schaffner foi preso com outros executivos que operavam
um escritório de representações do Credit Suisse na região
mais refinada da avenida Faria
Lima, na zona oeste de São
Paulo. O escritório funcionava
como uma agência do banco, já
que possibilitava que brasileiros abrissem conta na Suíça
sem sair do país. Essa primeira
investigação, chamada pela PF
de Operação Suíça, resultou no
fechamento do escritório.
É a quarta operação que a PF
faz em torno de bancos suíços.
Além da Operação Suíça, foram
feitas três com o nome Kaspar
-nome do primeiro comandante da guarda suíça que começou a cuidar da segurança do
papa, em 1506.
No pedido de prisão de
Weiss, a procuradora Karen
Louise Jeannete Kahn frisa que
o Credit é reincidente nesse tipo de crime. Weiss, segundo
ela, é "o nono ou décimo representante do Credit Suisse que,
de forma destemida e já prevenido das ações policiais brasileiras, transita pelo país".
Na última sexta-feira, o juiz
Fausto Martin de Sanctis, da 6ª
Vara Federal Criminal, aceitou
a denúncia do Ministério Público Federal contra Schaffner
e outros 15 executivos de bancos suíços (leia texto ao lado).
Denúncia é o jargão jurídico
para a acusação feita pelo Ministério Público. Como ela foi
aceita, os executivos passam a
ser réus num processo criminal. Dos 16 réus, 14 eram ou são
executivos do Credit na Suíça
ou no escritório da Faria Lima.
Os outros dois são doleiros.
Remessa ilegal
O fechamento do escritório
da Faria Lima não significou o
fim das operações ilegais do
Credit no Brasil, diz o delegado
Ricardo Andrade Saadi, chefe
da Delegacia de Repressão a
Crimes Financeiros em São
Paulo.
O Credit passou a usar outros
dois esquemas, segundo a PF:
levava clientes brasileiros para
o Uruguai, onde eles abriam
contas na Suíça, e enviava executivos para captar clientes em
São Paulo e no Rio.
Weiss foi preso com "uma
farta documentação" sobre as
contas que abriu no Brasil, segundo Saadi. Havia também, de
acordo com ele, documentos
sobre brasileiros que já têm
contas no Credit.
Saadi disse que a documentação apreendida mostra que
Weiss cuidava de "centenas" de
contas, sem citar um número
exato.
Os clientes do Credit também serão investigados e podem ser processados por remessa ilegal de divisas, sonegação e lavagem de dinheiro.
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