São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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Para procuradora, banco opera com remessas ilegais no Brasil há 11 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

O Credit Suisse opera com remessas ilegais no Brasil, feitas por doleiros, desde 1997. A informação consta da acusação da procuradora Karen Louise Jeanette Kahn que foi aceita pela Justiça. Quem passou as informações sobre as supostas irregularidades à PF foi um funcionário do próprio Credit.
Nesse processo, são réus 14 executivos do Credit Suisse e dois doleiros. Eles são acusados de remessa ilegal de valores, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e de operar instituição financeira sem autorização do Banco Central.
O escritório de representação do Credit em São Paulo captava clientes que abriam contas em nome de empresas de fachada, segundo a PF. Para a procuradora, as contas recebiam recursos de sonegação fiscal ou de crime, já que elas não apareciam nas declarações de renda dos brasileiros.
As transferências eram feitas por doleiros, segundo a procuradora. O dinheiro não se movimentava fisicamente. O cliente entregava uma quantia ao doleiro em São Paulo. Por meio de sua conta na Suíça, o doleiro fazia a transferência para o Credit. O doleiro Marco Antonio Cursini, que participa de um acordo de delação premiada em São Paulo, disse à Justiça que trabalhou por quatro anos para o Credit. Cursini tinha uma conta chamada Gela no Hoffman Bank, de Zurique.
Pelo menos outros dois doleiros faziam remessas para o Credit, segundo a procuradora: Davi Levy e Moise Khafif. A dupla usava empresas de fachadas com nomes famosos para fazer remessas: Toyota Grand Motors e Renault Grand Brasil.
O Credit também usou os serviços da doleira Claudine Spiero. Ela foi presa na Operação Kaspar 2, que investigou outros três bancos suíços: UBS, Clariden Leu, que integra o grupo Credit Suisse, e o AIG.
A doleira negocia com a PF, a procuradoria e a Justiça um acordo de delação premiada. Ela quer contar o que sabe em troca de redução de pena.


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