São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

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Quinta maior montadora de carros da China planeja construir fábrica no Brasil

Qilai Shen-20.jan.06/Bloomberg
Linha da Chery em Wuhu; investimento em unidade que deve se tornar base de exportação pode superar US$ 500 milhões

FABIANO SEVERO
ENVIADO ESPECIAL A WUHU (CHINA)

A montadora Chery, a quinta maior da China, planeja construir uma fábrica no Brasil em dois anos. O projeto é investir entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões para atingir uma capacidade de produção de 150 mil carros por ano, tornando a unidade uma base de exportação para países das Américas, incluindo os Estados Unidos. É algo que não acontece há 25 anos.
"Estive em seis Estados brasileiros para negociar incentivos com os governantes, mas ainda não definimos a cidade", afirma Du Weiqiang, gerente-geral-adjunto da Chery International. Ele visitou os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Ceará. O plano é otimista, levando-se em consideração que as montadoras chinesas carregam a fama de produzir carro feio e de baixa qualidade.
"Esse é o nosso maior desafio. Mostrar que a Chery, apesar de ser jovem, tem mais qualidade construtiva que os outros chineses", diz Du. A marca fez parcerias com estúdios italianos renomados, como Pininfarina e Bertone, para projetar a nova linha de automóveis de passeio. Com 100% de capital estatal chinês, a Chery foi fundada em 1997 e, em dez anos, produziu 1 milhão de carros.
Atualmente, só na China, a Chery tem quatro fábricas de automóveis, duas de motores e uma de transmissões. Ao todo, há cerca de 20 mil funcionários e capacidade de produção de 650 mil carros por ano, fora as outras oito unidades espalhadas pelo mundo. Hoje, há pelo menos 32 modelos chineses homologados para rodar no Brasil, mas apenas os carros de Hafei, Jinbei, Effa e Chana estão à venda.
Para Jackson Schneider, presidente da Anfavea (associação das montadoras), esses carros ainda não são expressivos, mas começarão a incomodar quando forem fabricados no Brasil ou no Mercosul. Enquanto isso não acontece, a Chery entra no país via Uruguai. Uma joint venture com o grupo empresarial brasileiro JLJ dará início à fabricação de carros em processo CKD (completamente desmontado) no país vizinho que entrarão no Brasil sem Imposto de Importação.
Com a parceria, o JLJ -que atua em ramos tão diversos como alimentação, segurança patrimonial e incorporação- ficará responsável pela distribuição dos carros no Brasil, de acordo com sua assessoria de imprensa.
"A capacidade de produção no Uruguai é limitada a 25 mil unidades por ano, o que não condiz com o mercado brasileiro. Por isso vamos abrir uma unidade no Brasil", afirma Luis Curi, presidente da Chery no Brasil.
Segundo ele, a princípio, virão cinco modelos para o Brasil. O Tiigo, um jipinho do porte do EcoSport, será o primeiro. Chega em junho custando em torno de R$ 50 mil. Em setembro vêm o QQ (R$ 24 mil), o Face (R$ 30 mil) e os A3 hatch e sedã (R$ 44 mil) -esses dois últimos terão outro nome, para não remeterem ao modelo da Audi. O grupo JLJ vai oferecer três anos de garantia e espera abrir de 15 a 20 revendas até dezembro deste ano. Com elas, pretende negociar cerca de 2.500 carros em 2009.

O jornalista FABIANO SEVERO viajou a convite da Chery


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