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China pode liberar compra de carne bovina brasileira
País negocia para que Lula anuncie abertura em maio
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Destravar as barreiras que
impedem a entrada da carne
brasileira na China e recalcular
o comércio bilateral são dois
dos objetivos de uma missão de
técnicos dos Ministérios da
Agricultura e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que está em Pequim nesta
semana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará na China no
próximo dia 19 de maio, e o governo brasileiro tenta algumas
vitórias para poder anunciar
durante a visita.
"Os chineses disseram que
estão dispostos a liberar mais
frigoríficos e a finalmente permitir a entrada de carne bovina
brasileira no país", disse à Folha Célio Porto, secretário de
Relações Internacionais do
Agronegócio.
Segundo Porto, o governo
chinês diz que permitirá a entrada de frango brasileiro se o
Brasil, em contrapartida, permitir a entrada de tripas de ovinos e caprinos chineses no Brasil, usados na área médica.
"Fizemos avanços, mas [o
processo] ainda é lento. Nossas
exportações são concentradas
em poucos produtos, como soja
e ferro, e a maneira mais rápida
de diversificar a pauta seria
com a entrada das carnes brasileiras", diz Porto.
Apesar da retórica de parceria estratégica, a relação vai a
passos lentos. A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de
Cooperação e Concertação
(Cosban), criada em 2004, teve
sua primeira reunião econômica e comercial nesta semana,
em Pequim.
A China pode se tornar em
2010 ou 2011 o principal parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos,
mas 91% das exportações brasileiras ao gigante asiático são de
produtos primários ou semielaborados, como soja, ferro,
couro e tabaco.
Cálculo e barganha
Uma das discussões na pauta
é a convergência das estatísticas do comércio exterior. Tanto
em 2007 quanto em 2008, os
dois lados alegaram sofrer déficit com o parceiro.
"A China inclui custos de frete e seguro na conta final, algo
que o Brasil não faz, por isso a
diferença", diz Paulo Roberto
Pavão, coordenador-geral de
Estatística da Secretaria de Comércio Exterior.
Em 2007, por exemplo, a
China disse que sofreu um déficit com o Brasil de US$ 7,58 bilhões, enquanto o Brasil diz que
teve déficit com a China de US$
1,849 bilhão.
Com os novos cálculos, deve
ficar confirmada a desvantagem do lado brasileiro. "O cálculo nos favorece, e a China terá que reconhecer que temos
déficit com eles, o que ajuda na
hora de negociar", explica Welber Barral, secretário de Comércio Exterior.
Empresários que acompanham a missão esperam mais
pressão política para vencer as
barreiras. "A China é grande
demais, tem bastante burocracia, então nossas questões ficam pequenas, não estão na
prioridade deles", diz o presidente da associação dos produtores e exportadores de carne
suína, Pedro de Camargo Neto.
O mercado é promissor. Há
três anos a China passou a importar carne de porco. Só em
2008, comprou 400 mil toneladas, principalmente dos EUA e
da União Europeia. Uma missão chinesa visitou produtores
brasileiros em outubro, mas
ainda não apresentou o relatório da visita. Falta a aprovação
sanitária do governo.
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