São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Grécia pede ajuda de US$ 60 bi à UE e ao FMI

Diante de crise de endividamento, governo faz apelo para a liberação de pacote de socorro negociado há duas semanas

Ativação do plano ainda depende de aprovação de legisladores de países como a a Alemanha, que exige novas medidas de ajuste fiscal

DO "NEW YORK TIMES"

Ao descrever a economia de seu país como "um navio afundando", o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, solicitou ontem a liberação de um pacote de até US$ 60 bilhões de ajuda econômica à União Europeia e ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Nós criamos um plano, tomamos medidas difíceis e dolorosas", disse o primeiro-ministro. "Mas os mercados não responderam."
A urgência do apelo grego, após enfrentar um aumento exorbitante dos custos de captação no mercado, pode ser depreendida pelo fato de que Papandreou discursou em Megisti, uma ilha no Egeu, e não na capital. "Chegou a hora de apelarmos aos nossos parceiros da UE pela ativação do mecanismo que formulamos juntos."
Ele se referia a um pacote de assistência de emergência negociado duas semanas atrás em Bruxelas. O plano prevê até € 30 bilhões (US$ 40,1 bilhões) em empréstimos dos parceiros da Grécia na zona do euro e outros € 15 bilhões (US$ 20 bilhões) vindos do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A ativação do plano de resgate da UE e do FMI, disse Papandreou, "enviará uma forte mensagem aos mercados de que a União não vai fazer o jogo deles e não colocará sua moeda em risco". As principais Bolsas europeias fecharam em alta ontem. A de Atenas, no entanto, caiu 0,15%.
"Estamos preparados para agir rapidamente quanto a essa solicitação", afirmou Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, em comunicado divulgado em Washington, onde se realizou reunião entre os ministros das Finanças do G20 (que reúne as 20 maiores economias do mundo).
Os empréstimos prometidos para a Grécia por seus parceiros na zona do euro continuam a aguardar aprovação de legisladores em alguns países. Entre eles está a Alemanha, a maior economia da zona do euro.
Ontem, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, disse que a assistência só seria concedida depois que a Grécia negociasse um novo programa de austeridade com a UE, o FMI e o BCE (Banco Central Europeu).
"Apenas quando essas medidas tiverem sido tomadas poderemos falar sobre assistência, bem como sobre a forma e o montante dessa assistência", disse. Ainda assim, o Ministério das Finanças anunciou que o governo estava "pronto a agir" para abrir caminho à aprovação no Legislativo.
Bancos franceses e alemães estão entre os maiores detentores de títulos públicos gregos, e uma moratória teria profundo impacto negativo sobre os seus balanços.

Endividamento
As preocupações quanto ao endividamento da Grécia, que já passa de 100% do PIB (Produto Interno Bruto), levaram as taxas de juros dos títulos gregos a superar a dos papéis de países em desenvolvimento como Índia e Filipinas, que em geral tendem a ser considerados como de maior risco.
Muitos investidores estão convencidos de que Atenas, diante de anos de austeridade fiscal e possível estagnação econômica, terminará por ser forçada a postergar o pagamento de suas dívidas e a renegociar seus termos com os credores, o que representa o passo final antes de uma moratória plena.
"Isso [o pacote de ajuda econômica] claramente propiciará um bom respiro para a Grécia", disse Julian Callow, economista-chefe da Barclays Capital, em Londres. Mas, no futuro, disse Callow, talvez depois de 2011, "não está descartada a necessidade de uma postergação de pagamentos".
A Grécia sofre pressões de financiamento e requer € 10 bilhões até maio para cobrir vencimentos de títulos e pagamentos de juros.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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