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LUÍS NASSIF
O avanço da integração continental
No próximo domingo terá início em Brasília a reunião a Terceira Reunião do Comitê de Direção Executiva, no âmbito da IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana).
Trata-se do processo mais profundo, e menos conhecido, de integração latino-americana.
A parte efetiva, e menos eficaz, foi a da integração dos mercados por meio da criação do Mercosul, processo conduzido pelo
Ministério das Relações Exteriores e Ministérios da Fazenda dos
diversos países.
Nos últimos anos, ganhou fôlego o processo de integração da
infra-estrutura latino-americana, uma versão ampliada dos
eixos de integração nacional
previstos no Plano Plurianual, o
chamado "Avança Brasil".
Pela primeira vez se avançará
numa visão de planejamento estratégico integrado para o continente, em uma reunião que
juntará ministros de todos os
países e a vanguarda do setor
produtivo. As discussões se farão
a partir de um trabalho preliminar, um documento histórico,
posto que o primeiro a esboçar
as linhas de uma estratégia continental.
O documento começa com um
diagnóstico da região, rica em
recursos naturais, com alta diversidade biológica, em ambiente de tolerância racial e religiosa e com homogeneidade linguística. A partir dos anos 90,
todos os países passaram por
processos profundos de reformas, tendo como foco central a
estabilidade macroeconômica e
novas idéias sobre o papel do
mercado. O PIB do continente
supera US$ 1 trilhão, com alto
potencial de complementaridade entre as economias nacionais.
Mas a região continua exposta a choques externos, dependência de exportações baseadas
em matérias-primas, baixo nível de poupança interna, difícil
acesso aos mercados internacionais de capital, desemprego e altos níveis de pobreza e desigualdade. Além disso, tem baixo nível de competitividade.
A iniciativa IIRSA propõe a
coordenação de esforços entre os
países sul-americanos por três
razões:
a) A coordenação dos programas de investimentos em infra-estrutura permite incrementar o
impacto das ações e otimizar o
uso dos recursos financeiros.
b) Melhor capacidade de negociação internacional para a
região.
c) Bens públicos internacionais. Existem projetos produtivos e de infra-estrutura que, dada a distribuição de seus benefícios entre os países, só podem ser
concebidos como parte de um
enfoque multinacional de desenvolvimento.
Caminhos
A partir daí são propostos caminhos a serem seguidos. O primeiro, o estabelecimento de metas de avanço que possam ser
medidas em termos de tempo e
de indicadores socioeconômicos. Por exemplo, estabelecer
para um prazo de 20 anos a meta de nível mínimo de desenvolvimento comparável ao nível
atual de países como Espanha,
Portugal e Grécia.
Para chegar lá, há uma série
de princípios a serem trabalhados, dentre os quais:
a) regionalismo aberto; b)
criação de eixos de integração e
desenvolvimento; c) sustentabilidade econômica, social, ambiental e político-institucional;
d) aumento do valor agregado
da produção; e) desenvolvimento da tecnologia da informação;
f) convergência normativa; g)
coordenação público-privada.
No seminário serão definidos
os princípios orientadores dessa
visão estratégica. Depois, cada
comitê desenvolverá seus estudos em cima dos princípios discutidos.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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