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CÂMBIO
Cotação da moeda americana já é a menor desde maio de 2002; sem atuação do BC, mercado prevê recuo ainda maior
Exportação em alta faz dólar cair a R$ 2,427
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A presença mais forte de exportadores no mercado e um ambiente externo tranqüilo levaram
o dólar aos R$ 2,427. A baixa de
0,57% de ontem fez com que a
moeda alcançasse sua menor cotação desde 6 de maio de 2002.
A opinião de analistas financeiros aponta para a mesma conclusão: se o Banco Central seguir ausente do mercado de câmbio, como tem feito desde março, há espaço para a moeda americana
derreter ainda mais. O problema é
que o BC sinalizou que vai deixar
o câmbio flutuar.
No mês, o dólar acumula desvalorização de 4,03% diante do real.
No ano, a baixa chega aos 8,55%.
O bom desempenho da balança
comercial -mostrando que, se
alguns segmentos realmente têm
sofrido com o real valorizado, o
setor exportador como um todo
vai bem- ajuda a fortalecer o
real. O superávit da balança comercial na terceira semana do
mês surpreendeu os investidores.
Com a continuidade do processo de aperto monetário -na semana passada, o Copom elevou a
taxa básica de juros pelo nono
mês consecutivo-, cria-se um
ambiente propício à entrada de
capital estrangeiro especulativo
no mercado brasileiro, atraído pelos maiores juros reais (descontada a inflação) do mundo.
O Copom (Comitê de Política
Monetária, formado por diretores
e o presidente do BC) elevou a taxa básica de juros de 19,50% para
19,75% na última quarta.
Com os juros em níveis recordes por aqui, grandes investidores
acabam por tomar empréstimos
no mercado internacional, a juros
menores, e reaplicá-los no Brasil,
ganhando com a diferença.
Segundo algumas mesas de
operações de bancos, a proximidade do feriado de Corpus Christi, na quinta, incentivou exportadores a anteciparem a venda de
dólares, reforçando a tendência
de baixa da moeda.
O mercado agora aguarda a divulgação da ata da reunião do Copom, na próxima sexta-feira, para
calibrar as suas opiniões a respeito do fim ou não do ciclo de elevações da taxa básica.
Na quarta-feira, haverá a apresentação do IPCA-15. O IPCA é o
índice oficial, por meio do qual o
governo acompanha a sua meta
de inflação.
O Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos do Bradesco
avalia que o IPCA-15 "será acompanhado com atenção pelo mercado por já captar o movimento
do preços até a primeira metade
de maio".
No pregão de ontem da BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções de juros fecharam com pequena alta. Movimentação mais forte nesse segmento
do mercado só deve ocorrer
quando os investidores tiverem
uma opinião mais forte sobre a
possibilidade de a taxa básica (Selic) deixar ou não de ser aumentada no próximo mês.
O contrato DI -que espelha a
oscilação das taxas praticadas entre os bancos- de maior liquidez, com resgate na virada do ano,
a taxa subiu de 19,58% para
19,62%. O DI que vence em outubro fechou com taxa de 19,89%
ante 19,85% de sexta-feira.
Ações em baixa
A Bolsa de Valores de São Paulo
teve um dia pífio de negócios, movimentando apenas R$ 733,2 milhões. Com a ausência de pregão
na quinta-feira, devido ao feriado,
esta pode ser uma das mais fracas
semanas da Bolsa no ano. A média diária de negócios na Bovespa
em 2005 está em R$ 1,58 bilhão.
No fim das operações de ontem,
o Ibovespa -índice que reúne as
55 ações mais negociadas da Bolsa
paulista- registrava perdas de
1,25%.
Os destaques de desvalorização
ficaram com os papéis PNA da
Usiminas (-5,20%) e PNA da
Braskem (-4,12%).
O cenário de juros em alta é outro fator bastante negativo para a
Bolsa. Em tese, investidores costumam, num cenário desses, migrarem de aplicações em ações
para outros investimentos de renda fixa (como fundo DI), que
acompanham a escalada dos juros e oferecem menos riscos.
Sangria
Uma notícia ruim para o mercado acionário doméstico é a continuidade da saída de investidores
estrangeiros, movimento que se
repete pelo terceiro mês consecutivo.
Em maio, até o dia 18, as vendas
de ações feitas por estrangeiros
superaram as compras em R$
604,5 milhões.
No mês passado, esse saldo ficou negativo em R$ 1,91 bilhão, cifra recorde.
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