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Para ganhar tempo, SP descarta leilão
Apesar de pressão de concorrentes privados, Serra declara ser "natural pensar que proposta do BB será sempre melhor"
Governador tucano afirma que a proposta do banco estatal federal deve trazer mais recursos ao Estado por causa de depósitos judiciais
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da pressão dos bancos privados, o governo de São
Paulo está decidido a não fazer
o leilão para vender a Nossa
Caixa. A Folha apurou que, na
avaliação do governo, se for a
leilão, a operação enfrentaria
muitas resistências tanto dos
milhares de funcionários estaduais como da própria Assembléia Legislativa, o que praticamente inviabilizaria o negócio
no atual governo, que acaba em
2010. O leilão, segundo o governo estadual, levaria o dobro
do tempo de um acerto com o
Banco do Brasil.
A avaliação do governo de
São Paulo é que o próprio
PSDB, partido do governador
José Serra, iria se opor à privatização da Nossa Caixa. A venda depende de aprovação da
Assembléia Legislativa.
O governador de São Paulo,
José Serra, deixou evidente ontem a disposição de venda do
banco Nossa Caixa para o BB,
em vez de um leilão.
Após frisar que o critério será o de obtenção "do máximo
de recursos", Serra afirmou
que "é natural pensar que a
proposta do Banco do Brasil será sempre melhor para o Estado de São Paulo", porque, como
instituição pública, terá direito
aos R$ 16 bilhões em depósitos
judiciais da Nossa Caixa.
"O interesse do Banco do
Brasil, em grande medida, é
comprar a Nossa Caixa para
poder receber também esses
depósitos. Eles nunca iriam para um banco privado. Nesse
sentido, é natural pensar que a
proposta do Banco do Brasil será sempre melhor para o Estado de São Paulo, implicará trazer mais recursos do que, em
princípio, propostas de banco
privado", afirmou o governador, em Campos do Jordão.
Embora não tenha descartado categoricamente a hipótese
de leilão -lembrando, porém,
que dependeria de aprovação
prévia da Assembléia Legislativa-, Serra construiu o argumento de que o BB apresentará
melhor oferta por ser o maior
interessado. Segundo ele, as
propostas dos bancos privados
"não aconteceram". "Se quiserem fazer, podem fazer. Mas o
BB tem mais interesse porque
é um banco público e poderá ficar com os depósitos judiciais."
Ele repetiu que, "se a Nossa
Caixa fosse vendida para a área
privada, os depósitos judiciais
não iriam para o banco que
comprasse". E insistiu: "Está
claro isso? Iria para algum banco público do Brasil. Isso que o
pessoal não está levando em
consideração, às vezes, quando
faz seus comentários".
Em outro recado aos bancos
privados, Serra reafirmou que
a venda dependerá da proposta. O governador apontou "as
necessidades de investimentos
em São Paulo, que precisa muita coisa" como justificativa para a venda. "Tem muita demanda aqui em São Paulo. Nesse
sentido, se houver uma oferta
boa, a gente tende a aceitar.
Mas, eu insisto, está muito no
começo e depende do preço. Se
for um preço que não convier,
não vamos vender."
Questionado sobre a possibilidade de leilão, Serra lembrou
que "qualquer que seja a decisão terá que passar pela Assembléia Legislativa". "Em
qualquer caso, o que vamos defender é que se obtenha o máximo de recursos e que se defenda os direitos e interesses
dos funcionários da Nossa Caixa". Serra disse que trabalhará
para que se tenha "mais recursos para investir".
Já o vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Alberto Goldman, disse que a
"expectativa é que não se faça
leilão, é fazer a operação com o
BB". "Nós temos que vender
nas melhores condições possíveis. Dificilmente os bancos
privados poderão oferecer o
que o Banco do Brasil vai nos
oferecer", justificou Goldman,
lembrando ainda que a venda
para o BB enfrentaria menor
resistência política.
Serra, por sua vez, fez questão de afirmar que "o que houve até agora foi uma proposta
do Banco do Brasil, foi o Banco
do Brasil que nos procurou manifestando seu interesse. Então, concordamos com a idéia
de recebermos uma proposta".
O governador disse que não
participou da negociação nem
falou com Lula do tema, apesar
da grande aproximação e constante diálogo entre os dois.
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