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Emergentes dão sinais de retomada
Valorização das Bolsas é vista por parte dos economistas como uma tentativa prematura de
antecipar a recuperação
Brasil é citado em relatório do IIF, que vê recuperação industrial nos últimos meses no país; China é destaque entre emergentes
DE NOVA YORK
É "encorajador (e até surpreendente) o comportamento
do mercado de trabalho nos
países emergentes". A citação
consta no mais recente relatório do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em
inglês), que reúne 375 bancos
em 70 países, sobre a crise.
Para o instituto, vários países
em desenvolvimento, inclusive
o Brasil, já entram na rota da
recuperação, que deverá ser
muito mais lenta nas economias avançadas.
"Os investimentos e compras
corporativas continuam bastante fracos nos países ricos,
mas há uma grande chance de
um "revival" nos gastos com investimentos entre os emergentes", afirma o instituto.
Diferentemente de países
maduros, onde os poucos sinais
positivos atuais indicam diminuição no ritmo de queda, entre os emergentes os dados já
mostrariam uma retomada.
"Em conjunto, os países
emergentes foram os últimos a
entrar em recessão. Agora, parece que serão eles os primeiros
a sair", diz o relatório. Para o
Brasil, o IIF projeta um crescimento de 3% no PIB em 2010,
mas prevê contração da economia neste ano.
Para a consultoria RGE, do
economista Nouriel Roubini,
primeiro a alertar para a crise
atual, é a China que demonstra
os "sinais mais positivos" de recuperação entre emergentes.
"O programa de investimento estatal chinês e a forte expansão do volume de crédito levaram provavelmente a uma
aceleração do PIB da China em
março, depois de a economia
ter ficado praticamente estagnada no último trimestre de
2008 e nos dois primeiros meses de 2009", diz a RGE.
"Mas a grande incógnita continua sendo se a China conseguirá reforçar seu mercado interno o suficiente para substituir a queda na demanda pelos
produtos que exporta."
Para a RGE, no caso da América Latina "ainda há evidências limitadas de que a região
esteja entrando em fase de recuperação sustentada".
No Brasil, diz, "definitivamente a produção industrial se
recuperou na margem (...), mas
a retomada ainda não se espalhou por toda a economia".
Bolsas
O movimento de forte valorização nos últimos meses nas
Bolsas é visto por muitos economistas como uma tentativa
prematura de antecipar o início
da retomada. "Os brotos da recuperação são ainda muito verdes e frágeis", afirma o economista James Hamilton, da Universidade da Califórnia.
Embora tenha havido aumento nos gastos dos consumidores e nas vendas do varejo na
média do primeiro trimestre
nos EUA, a dúvida é se isso será
sustentável.
"Enquanto os números do
PIB e do desemprego não reverterem a atual tendência, é
muito prematuro para declarar
qualquer tipo de vitória", diz
Jeffrey Frankel, economista da
Universidade Harvard.
Em análise na semana passada, a consultoria RGE diz que
"o provável é que ainda atravessemos uma severa e profunda
recessão em formato de U" -o
que indicaria um período longo
de baixa.
(FERNANDO CANZIAN)
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