São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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Emergentes dão sinais de retomada

Valorização das Bolsas é vista por parte dos economistas como uma tentativa prematura de antecipar a recuperação

Brasil é citado em relatório do IIF, que vê recuperação industrial nos últimos meses no país; China é destaque entre emergentes

DE NOVA YORK

É "encorajador (e até surpreendente) o comportamento do mercado de trabalho nos países emergentes". A citação consta no mais recente relatório do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne 375 bancos em 70 países, sobre a crise.
Para o instituto, vários países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, já entram na rota da recuperação, que deverá ser muito mais lenta nas economias avançadas.
"Os investimentos e compras corporativas continuam bastante fracos nos países ricos, mas há uma grande chance de um "revival" nos gastos com investimentos entre os emergentes", afirma o instituto.
Diferentemente de países maduros, onde os poucos sinais positivos atuais indicam diminuição no ritmo de queda, entre os emergentes os dados já mostrariam uma retomada.
"Em conjunto, os países emergentes foram os últimos a entrar em recessão. Agora, parece que serão eles os primeiros a sair", diz o relatório. Para o Brasil, o IIF projeta um crescimento de 3% no PIB em 2010, mas prevê contração da economia neste ano.
Para a consultoria RGE, do economista Nouriel Roubini, primeiro a alertar para a crise atual, é a China que demonstra os "sinais mais positivos" de recuperação entre emergentes.
"O programa de investimento estatal chinês e a forte expansão do volume de crédito levaram provavelmente a uma aceleração do PIB da China em março, depois de a economia ter ficado praticamente estagnada no último trimestre de 2008 e nos dois primeiros meses de 2009", diz a RGE.
"Mas a grande incógnita continua sendo se a China conseguirá reforçar seu mercado interno o suficiente para substituir a queda na demanda pelos produtos que exporta."
Para a RGE, no caso da América Latina "ainda há evidências limitadas de que a região esteja entrando em fase de recuperação sustentada".
No Brasil, diz, "definitivamente a produção industrial se recuperou na margem (...), mas a retomada ainda não se espalhou por toda a economia".

Bolsas
O movimento de forte valorização nos últimos meses nas Bolsas é visto por muitos economistas como uma tentativa prematura de antecipar o início da retomada. "Os brotos da recuperação são ainda muito verdes e frágeis", afirma o economista James Hamilton, da Universidade da Califórnia.
Embora tenha havido aumento nos gastos dos consumidores e nas vendas do varejo na média do primeiro trimestre nos EUA, a dúvida é se isso será sustentável.
"Enquanto os números do PIB e do desemprego não reverterem a atual tendência, é muito prematuro para declarar qualquer tipo de vitória", diz Jeffrey Frankel, economista da Universidade Harvard.
Em análise na semana passada, a consultoria RGE diz que "o provável é que ainda atravessemos uma severa e profunda recessão em formato de U" -o que indicaria um período longo de baixa. (FERNANDO CANZIAN)


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