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Costa confirma padrão japonês para TV
Ministro das Comunicações diz que o governo fechou acordo com o Japão para implantação do sistema digital no país
Anúncio oficial da escolha brasileira será feito dia 29 deste mês, com a presença de Lula e do ministro japonês das Comunicações
PATRÍCIA ZIMMERMANN
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
O ministro Hélio Costa (Comunicações) confirmou ontem
que o governo brasileiro fechou
um acordo com o Japão para a
implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).
Costa disse que o ministro
das Comunicações do Japão,
Heizo Takenaka, estará no Brasil no próximo dia 29 para participar, juntamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da solenidade em que será
feito o anúncio oficial da escolha brasileira. A Folha noticiou
a escolha do padrão japonês no
início de março.
O ministro afirmou que o
acordo prevê o uso de tecnologia japonesa com a incorporação de inovações desenvolvidas
por pesquisadores brasileiros.
Entre essas inovações estão
o sistema de compressão de vídeo (MPEG-4), o sistema operacional (middleware) e aplicativos (softwares), que seriam
agregados ao sistema de modulação japonês no Brasil.
Segundo o representante do
padrão japonês no Brasil, Yasutoshi Miyoshi, o acordo a ser
assinado trata também do financiamento do JBIC (banco
japonês de fomento) para a implantação da TV digital no Brasil e da proposta de trabalho
conjunto para viabilizar a modernização da indústria eletrônica brasileira.
Miyoshi evitou dar detalhes
da proposta japonesa negociada entre segunda e quarta-feiras desta semana, quando técnicos da indústria e dos governos japonês e brasileiro estiveram reunidos no Itamaraty, cujos termos foram aprovados
ontem pelo governo brasileiro.
Sobre a instalação da fábrica
de semicondutores (chips) no
Brasil, o documento deverá
tratar de um compromisso de
formação de mão-de-obra especializada e da criação de condições no país que viabilizem a
implantação dessa indústria.
Vazamento
Costa, que não está em Brasília, concedeu a entrevista após
o vazamento da notícia sobre o
acordo com o Japão no início
da tarde, quando Miyoshi revelou que o governo do país asiático já havia tomado conhecimento da decisão.
A Folha apurou que o vazamento causou mal-estar no governo brasileiro, que considerou que a escolha da tecnologia
seria uma decisão de governo, e
que, portanto, a "palavra final"
caberia a Lula.
O embaixador do Japão no
Brasil, Takahiko Horimura, recebeu a notícia por meio de telefonema do diretor do Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do
Itamaraty, embaixador Antonino Marques Porto e Santos,
na quinta-feira pela manhã.
Segundo Miyoshi, após o
Brasil escolher o sistema, que
hoje está em funcionamento
apenas no Japão, cresce a possibilidade de conquista de novos mercados.
A ausência de tecnologia que
permitisse a mobilidade foi um
dos principais argumentos do
governo brasileiro para descartar o sistema americano, que tinha como principal qualidade a
alta definição.
Já o sistema europeu foi defendido principalmente por
produtores de conteúdo, como
uma oportunidade de abertura
do mercado de televisão por
privilegiar a multiprogramação, e também a entrada de novas emissoras no mercado, o
que não agrada às grandes
emissoras.
O sistema japonês, que tem a
preferência das emissoras de
TV brasileiras, saiu em vantagem porque era o que melhor
atendias às condições impostas
pelo governo brasileiro, permitindo alta definição, mobilidade (no ônibus), portabilidade
(no celular) e interatividade. O
avanço das negociações envolvendo contrapartidas principalmente para a indústria brasileira pesaram na escolha.
Toda essa tecnologia, com
imagem e som de alta qualidade, possibilidade de interatividade, entre outras vantagens,
no entanto, ainda vai demorar
um pouco para chegar aos lares
brasileiros. As emissoras de TV
estimam que poderão iniciar as
primeiras transmissões da TV
digital em uma ou duas capitais
brasileiras seis meses após o
anúncio oficial do governo, se
forem definidas agora as especificações técnicas do SBTVD.
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