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Medida do PAC contra gastos não avança
Projeto que limita despesa com funcionalismo está parado; aumento do investimento em reforma agrária supera Transportes
Entre 2005 e 2006, gasto
com servidores subiu de
4,9% do PIB para 5,2%;
as despesas com salários
cresceram nos Três Poderes
DA REPORTAGEM LOCAL
Está parada na Câmara dos
Deputados desde janeiro e com
chances mínimas de ser aprovada a única medida do PAC
destinada a controlar o aumento do gasto público. O projeto
pretendia limitar os reajustes
do funcionalismo a 1,5% ao ano
acima da inflação.
Cerca de 15 parlamentares
foram procurados pelo Executivo para relatar a proposta,
mas nenhum aceitou o ônus
político de contrariar os sindicatos de servidores. No final, o
governo apontou o deputado
José Pimentel (PT-CE) como
relator. Procurado pela Folha,
Pimentel não se manifestou,
mas um de seus assessores afirmou que ainda não houve acordo entre as lideranças em torno
do projeto e que não há nenhuma perspectiva de encaminhamento.
Entre 2005 e 2006, o gasto
da União com a folha do funcionalismo subiu de 4,9% do
PIB para 5,2%. Já nos últimos
dez anos, as despesas com salários aumentaram, em termos
reais (acima da inflação), 12%
no Executivo, 63% no Legislativo e 133% no Judiciário.
No mesmo período, o espaço
para investimentos do governo
despencou de 21% do total dos
gastos não-financeiros para 3%
-travando a modernização da
infra-estrutura no país.
No primeiro quadrimestre
de 2007, mesmo após o lançamento do PAC, os desembolsos
para a área de transportes aumentaram menos que a evolução do PIB. Cresceram 3,7%
sobre igual período em 2006 e
atingiram R$ 933 milhões.
Já os pagamentos para o
MDA (Ministério da Reforma
Agrária) saltaram 612%, para
R$ 455 milhões -a metade do
destinado aos Transportes.
Segundo Marcelo Cardona
Rocha, secretário-executivo do
MDA, R$ 380 milhões dos R$
455 milhões recebidos foram
pagos em indenizações para a
obtenção de áreas rurais.
Outro projeto limitador de
gastos, que pretende indexar os
reajustes do salário mínimo à
variação da inflação e ao PIB,
tramitou na Câmara, mas ainda nem foi lido no plenário do
Senado, por onde precisa passar para ser aprovado. A limitação do reajuste do mínimo é
importante pois ele tem impacto direto na Previdência.
Arrecadação e gastos
Por enquanto, o governo tem
tido espaço para aumentar os
gastos correntes e, mesmo assim, continuar fazendo uma
forte economia para reduzir a
dívida pública. Isso só tem sido
possível graças a recordes na
arrecadação de impostos.
Segundo cálculos do economista Rogério Werneck, da
PUC-RJ, a decomposição do
crescimento do PIB no primeiro trimestre do ano mostra o
peso da carga tributária sobre a
economia.
Os 4,3% de crescimento, segundo Werneck, resultaram de
uma expansão real de 3,9% do
valor adicionado (a preços básicos, sem tributos) e de um aumento de nada menos que 6,9%
da receita real proveniente de
impostos sobre bens e serviços.
Para o economista Raul Velloso, há muitas receitas extraordinárias no atual ritmo da
arrecadação. "A receita pode
diminuir no futuro, mas o gasto
continuará constante", diz.
(FERNANDO CANZIAN)
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