São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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VarigLog tem dívidas de R$ 204 mi, diz consultoria

Matlin Patterson diz que débito é herança de má administração de sócios brasileiros

Audi admite endividamento na sua gestão, mas diz que dívidas foram conseqüência do bloqueio de recursos da VarigLog pelo Matlin


MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar dos altos gastos da VarigLog no pagamento de honorários de advogados e despesas processuais, a empresa enfrenta dificuldades financeiras e acumula cerca de R$ 204 milhões em dívidas. As informações são de um relatório da L&A Consultores Associados, elaborado no dia 4 de março deste ano a pedido do então interventor judicial da VarigLog, José Carlos Rocha Lima.
Segundo o relatório, o principal passivo da companhia é com fornecedores brasileiros, de R$ 73 milhões. As dívidas tributárias vêm em segundo lugar, com um total de R$ 65,8 milhões entre débitos de FGTS, Pis/Cofins, INSS e ICMS.
O laudo contabiliza também débitos com fornecedores estrangeiros (R$ 44 milhões), operações de leasing (R$ 42,8 milhões), dívidas com o fundo de pensão Aerus (R$ 21 milhões) e com o banco Itaú (R$ 4,5 milhões), valor requerido judicialmente pela Gol (R$ 8 milhões) e rescisões contratuais (R$ 908 mil).
Procurada pela Folha, a VarigLog não quis se pronunciar. O fundo norte-americano Matlin Patterson, atual gestor da companhia, não soube informar o valor atual da dívida.
O Matlin admite que a empresa possui dívidas, mas afirma que elas são resultado da má gestão dos sócios brasileiros -Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo- entre julho de 2007 e fevereiro deste ano. Segundo o fundo, a empresa está em processo de reestruturação e negocia com os credores formas de quitar os débitos.
"Até quando o fundo esteve junto na administração da VarigLog, todas as contas estavam sendo pagas em dia, ou seja, funcionários, tributos, FGTS, advogados. A partir de julho de 2007, os sócios que administravam a VarigLog deixaram de pagar os fornecedores, prestadores de serviços, incluindo o escritório Teixeira, Martins & Advogados, tributos e, principalmente, os funcionários," informou o fundo em nota.
Audi admite que a VarigLog se endividou durante a gestão dos sócios brasileiros. Segundo ele, o motivo foi o bloqueio dos recursos da empresa pelo Matlin Patterson. "A companhia estava morrendo com US$ 170 milhões no caixa, travados por esse chinês [Lap Chan, sócio do Matlin]", disse Audi.
De acordo com ele, a falta de recursos obrigou os gestores a priorizar gastos, como o pagamento de combustível, de salários e de escritórios de advocacia. Audi disse que a VarigLog pagou US$ 5 milhões ao escritório de Roberto Teixeira e R$ 4,4 milhões ao de Alexandre Thiollier.

Ativos
Apesar das dívidas, a Va- rigLog dispõe de US$ 85 milhões bloqueados em conta em banco na Suíça. A empresa também detém 4,2 milhões de ações da Gol, recebidas como parte do pagamento pela venda da Varig à Gol, que também estão bloqueadas pela Justiça.
O Matlin não informou qual o valor da empresa hoje. Audi disse que a VarigLog valia US$ 2,2 bilhões em dezembro do ano passado. "Foi com muita surpresa que soube pela imprensa que Lap Chan está oferecendo a VarigLog por um total de US$ 720 milhões," diz.


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