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TARIFAÇO
Governo prevê 9,7% na gasolina e 14,1% no diesel, mas postos falam em 18% e 17%; gás de cozinha deve subir 10%
Combustíveis sobem de novo amanhã
da Sucursal de Brasília
A gasolina, o diesel e o gás de cozinha sobem de preço amanhã. Revendedores e governo não chegaram a um consenso sobre os aumentos para o consumidor. Entidade que representa os postos divulgou que o reajuste médio para a
gasolina será de 18%, enquanto o
governo anunciou 9,7%.
O preço do diesel terá aumento
médio de 14,1%, segundo o governo. Já os postos anunciaram que o
reajuste ficará em 17%, em média.
Sempre estimando o impacto para o consumidor final, o governo
calcula que o reajuste do gás de cozinha será de 10%, em média.
O impacto no índice de inflação,
segundo a Fipe, será de 0,4 ponto
em julho e agosto.
Esse é o quarto aumento nos preços dos combustíveis neste ano.
Em 1999, o preço da gasolina aumentou 23,96%, em média, e do
gás de cozinha, 25,44%. O governo
não divulgou o índice acumulado
do reajuste do diesel.
Nota divulgada ontem pelos ministérios da Fazenda e de Minas e
Energia afirma que o reajuste tem
o objetivo de compensar os aumentos dos preços internacionais
dos derivados do petróleo ocorridos desde março e também a desvalorização do câmbio.
Segundo a nota, desde o início do
ano a gasolina aumentou 38% no
mercado internacional, e o diesel,
16%. A alta do dólar foi de 44% no
período.
"O repasse integral dessas variações (câmbio e preços internacionais) aos preços internos dos derivados exigiria reajustes da ordem
de 98% e 67% para a gasolina e o
diesel, respectivamente."
O aumento dos custos da importação de petróleo tem sido parcialmente absorvido com recursos da
PPE (Parcela de Preço Específico),
um tipo de fundo constituído por
uma parcela do preço cobrado na
venda de derivados de petróleo.
A Petrobrás importa cerca de 700
mil barris de petróleo por dia, o
que corresponde a cerca de 35% do
consumo total do país.
O titular da PPE é o Tesouro Nacional, que todos os meses recebe
cerca de R$ 300 milhões do fundo.
O governo contava com esses recursos para atingir suas metas fiscais no ano, mas, com a desvalorização cambial e o aumento dos
preços internacionais do petróleo,
parte da parcela está sendo gasta
para segurar o preço dos combustíveis.
O combustível tem uma participação importante na composição
de preços da grande maioria dos
produtos. Em períodos de inflação
alta, os reajustes de gasolina, álcool
e diesel eram automaticamente repassados para os demais preços da
economia.
O primeiro reajuste do preço dos
combustíveis no ano foi concedido
em fevereiro, para compensar o
aumento da alíquota da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) de
2% para 3%. Os dois outros aumentos, em março e abril, tiveram
como justificativa a desvalorização
do câmbio.
Preços liberados
O que o governo autorizou ontem foi um aumento médio de 18%
para o combustível vendido pelas
refinarias às distribuidoras. Os
preços para o consumidor, livres,
teriam reajustes menores.
Mas o vice-presidente da Fecombustíveis (Federação dos Revendedores de Combustíveis), Aldo
Guarda, contesta o anúncio oficial.
Segundo ele, o aumento do álcool anidro (misturado na gasolina vendida nas bombas), de R$
0,17 para R$ 0,30 o litro, fará com
que os reajustes sejam maiores.
"É difícil fazer uma avaliação
porque os preços são liberados,
mas o aumento não será menor do
que 18% para o consumidor", afirmou, sobre a gasolina.
No caso do diesel, o aumento deverá ser em torno de 17%, porque
não há adição do álcool anidro, segundo Guarda.
O presidente da ANP (Agência
Nacional do Petróleo), David
Zylbersztajn, disse na Câmara dos
Deputados que o reajuste "está
aquém do aumento de custo".
Zylbersztajn afirmou que, sem a
instituição do imposto único de
combustíveis, projeto que está em
tramitação na Câmara, o governo
não poderá cumprir o dispositivo
da legislação do setor que prevê a
desregulamentação dos preços em
agosto do próximo ano.
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