São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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TARIFAÇO
Governo prevê 9,7% na gasolina e 14,1% no diesel, mas postos falam em 18% e 17%; gás de cozinha deve subir 10%
Combustíveis sobem de novo amanhã

da Sucursal de Brasília

A gasolina, o diesel e o gás de cozinha sobem de preço amanhã. Revendedores e governo não chegaram a um consenso sobre os aumentos para o consumidor. Entidade que representa os postos divulgou que o reajuste médio para a gasolina será de 18%, enquanto o governo anunciou 9,7%.
O preço do diesel terá aumento médio de 14,1%, segundo o governo. Já os postos anunciaram que o reajuste ficará em 17%, em média.
Sempre estimando o impacto para o consumidor final, o governo calcula que o reajuste do gás de cozinha será de 10%, em média.
O impacto no índice de inflação, segundo a Fipe, será de 0,4 ponto em julho e agosto.
Esse é o quarto aumento nos preços dos combustíveis neste ano. Em 1999, o preço da gasolina aumentou 23,96%, em média, e do gás de cozinha, 25,44%. O governo não divulgou o índice acumulado do reajuste do diesel.
Nota divulgada ontem pelos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia afirma que o reajuste tem o objetivo de compensar os aumentos dos preços internacionais dos derivados do petróleo ocorridos desde março e também a desvalorização do câmbio.
Segundo a nota, desde o início do ano a gasolina aumentou 38% no mercado internacional, e o diesel, 16%. A alta do dólar foi de 44% no período.
"O repasse integral dessas variações (câmbio e preços internacionais) aos preços internos dos derivados exigiria reajustes da ordem de 98% e 67% para a gasolina e o diesel, respectivamente."
O aumento dos custos da importação de petróleo tem sido parcialmente absorvido com recursos da PPE (Parcela de Preço Específico), um tipo de fundo constituído por uma parcela do preço cobrado na venda de derivados de petróleo.
A Petrobrás importa cerca de 700 mil barris de petróleo por dia, o que corresponde a cerca de 35% do consumo total do país.
O titular da PPE é o Tesouro Nacional, que todos os meses recebe cerca de R$ 300 milhões do fundo. O governo contava com esses recursos para atingir suas metas fiscais no ano, mas, com a desvalorização cambial e o aumento dos preços internacionais do petróleo, parte da parcela está sendo gasta para segurar o preço dos combustíveis.
O combustível tem uma participação importante na composição de preços da grande maioria dos produtos. Em períodos de inflação alta, os reajustes de gasolina, álcool e diesel eram automaticamente repassados para os demais preços da economia.
O primeiro reajuste do preço dos combustíveis no ano foi concedido em fevereiro, para compensar o aumento da alíquota da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) de 2% para 3%. Os dois outros aumentos, em março e abril, tiveram como justificativa a desvalorização do câmbio.

Preços liberados
O que o governo autorizou ontem foi um aumento médio de 18% para o combustível vendido pelas refinarias às distribuidoras. Os preços para o consumidor, livres, teriam reajustes menores.
Mas o vice-presidente da Fecombustíveis (Federação dos Revendedores de Combustíveis), Aldo Guarda, contesta o anúncio oficial.
Segundo ele, o aumento do álcool anidro (misturado na gasolina vendida nas bombas), de R$ 0,17 para R$ 0,30 o litro, fará com que os reajustes sejam maiores.
"É difícil fazer uma avaliação porque os preços são liberados, mas o aumento não será menor do que 18% para o consumidor", afirmou, sobre a gasolina.
No caso do diesel, o aumento deverá ser em torno de 17%, porque não há adição do álcool anidro, segundo Guarda.
O presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, disse na Câmara dos Deputados que o reajuste "está aquém do aumento de custo".
Zylbersztajn afirmou que, sem a instituição do imposto único de combustíveis, projeto que está em tramitação na Câmara, o governo não poderá cumprir o dispositivo da legislação do setor que prevê a desregulamentação dos preços em agosto do próximo ano.


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