São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
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MERCADO FINANCEIRO

Futuro dos juros nos EUA derruba Bolsa

da Reportagem Local

A mudança de perspectiva quanto aos juros dos EUA provocou queda na Bolsa de Valores de São Paulo ontem.
O mercado já estava trabalhando com a possibilidade de uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros norte-americanos. Nos últimos dois dias, a expectativa mudou. Os investidores passaram a apostar numa alta de 0,50 ponto.
O reflexo da mudança foi sentido ontem nos T-Bonds, os títulos norte-americanos de 30 anos de vencimento. Na sexta-feira, eles pagavam rentabilidade de 5,968% ao ano. Ontem, fecharam em 6,138%.
Os papéis já estão embutindo a perspectiva de uma elevação nos juros. Para atrair compradores, precisam aumentar a rentabilidade (o investidor foge de um papel que paga pouco, caso tenha a impressão de que os juros vão aumentar no curto prazo).
A taxa de juros nos EUA está em 4,75%. O aumento seria usado pelo Fed (banco central do país) como mecanismo antiinflacionário.
O aumento dos T-Bonds torna os papéis mais atraentes. Investidores vendem os títulos de dívidas de outros países (como o Brasil) e correm para os T-Bonds (mais seguros).
Os C-Bonds, títulos brasileiros mais negociados no exterior, apresentaram desvalorização de 1,02% ontem, fechando cotados a 64% do valor de face.
A preocupação com um aumento acima do previsto nos juros dos EUA afetou a Bolsa de Nova York, que fechou em baixa de 0,51%. E fez a Bovespa registrar queda de 1,52%.
"A Bovespa apresentou pouca liquidez (ontem), como vem acontecendo em todo o mês. Assim, o comportamento de Nova York acaba tendo grande influência", disse Roberto Dotta, administrador de carteiras da Tudor Asset Management.
Entre os pontos positivos levantados ontem estavam a expectativa de mudança nos juros, com a reunião do Comitê de Política Monetária, que não foi anunciada até o fechamento do mercado.
A decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de afastar a diretoria do Banespa, apesar de ser uma medida técnica, foi comemorada como um indício de que o governo pode adotar posturas mais agressivas no futuro, diminuindo os conflitos políticos de sua base. (MARCELO DIEGO)


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