São Paulo, quinta, 24 de julho de 1997.



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EXPORTAÇÕES
Preços internacionais de café, soja e suco de laranja apresentam tendência de queda no segundo semestre
Produto agrícola vai gerar receita menor

da Reportagem Local

Os principais produtos agrícolas de exportação do Brasil, que aumentaram sua participação no total de vendas externas do país no primeiro semestre, devem gerar menor receita nos próximos meses.
O principal motivo para isso são os preços internacionais desses produtos, que apresentam perspectiva de queda.
Essa tendência já é visível nas Bolsas de mercadorias internacionais.
Na Bolsa de Chicago, principal pólo de formação de preços da soja, o contrato do grão para entrega em setembro fechou ontem cotado a US$ 6,475 por bushel (aproximadamente 27 quilos).
Já o contrato para entrega em janeiro de 1998 foi cotado a US$ 6,062 por bushel, ou seja, 6,38% a menos.
Além disso, a comercialização de soja normalmente diminui de ritmo no segundo semestre, devido ao esgotamento da safra brasileira.
No caso do café, o preço do grão no mercado futuro da Bolsa de Nova York fechou ontem a US$ 1,8165 a libra-peso (0,454 quilo), para entrega em setembro.
No contrato para entrega em dezembro deste ano, o preço de fechamento foi de US$ 1,5815 por libra-peso, cerca de 13% menor.
Receita maior
As exportações de soja e derivados, café em grão e suco de laranja concentrado arrecadaram US$ 5,011 bilhões no primeiro semestre de 1997, correspondendo a 21,9% das exportações totais.
No primeiro semestre do ano passado, a receita gerada com a exportação desses produtos foi de US$ 3,51 bilhões (16,7% do total), de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
As exportações de soja e derivados somaram US$ 3,196 bilhões, 39,38% acima de 96.
No caso do café em grão, o crescimento da receita foi de 140%, para US$ 1,385 bilhão.
A exceção ficou por conta das exportações de suco de laranja, que arrecadaram 33% menos, totalizando US$ 430 milhões.
Segundo Fernando Homem de Melo, especialista em economia agrícola e professor da Universidade de São Paulo, nos casos da soja e do café, a alta dos preços no mercado internacional foi o principal motivo para o ganho de receita.
Esse comportamento de preços, entretanto, não deverá se repetir no segundo semestre, afirmou.
A perspectiva de uma safra americana de soja 10% maior e de um inverno ameno no Brasil, com menor possibilidade de geadas nas regiões produtoras de café, devem puxar os preços para baixo, disse.
Colheita maior
Para o suco de laranja, os preços nesta safra estiveram 16% menores do que na safra passada.
"Não há perspectiva de melhora", segundo Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus (entidade que reúne as indústrias exportadoras de suco).
Além disso, acrescentou, as safras de laranja do Brasil e da Flórida cresceram.
O Estado de São Paulo, maior produtor brasileiro de laranja, deverá colher uma safra de 405 milhões de caixas (40,8 quilos cada), contra 365 milhões de caixas da safra anterior.
As exportações brasileiras de sucos e subprodutos devem gerar em 97 US$ 1,2 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão no ano passado.
Para a soja, além da redução nos preços internacionais, a tendência para o segundo semestre é de diminuição nos embarques, principalmente a partir do início de setembro, afirmou o secretário-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, Fábio Trigueirinho.
Recorde
"Os preços do café já começaram a cair, depois do pico alcançado em maio", disse o secretário-geral da Associação Brasileira dos Exportadores de Café (Abecafé), José Sette.
Ainda assim a entidade prevê uma receita recorde com as exportações de café em 97, chegando a US$ 3,1 bilhões.
A maior receita com exportações havia sido obtida em 1986, de US$ 2,65 bilhões, de acordo com Sette, da Abecafé. (MAURICIO ESPOSITO)



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