FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais alguns bilhões de dólares evaporaram da Bovespa nos últimos dias. Isso fez o valor de mercado, em dólares, das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo retroceder a níveis similares aos anteriores ao início do Real, em 94. Neste ano, os papéis negociados no mercado acionário paulista já perderam quase US$ 50 bilhões de seu valor. Mesmo assim, o fundo do poço ainda não chegou, avaliam analistas.
Vender ações se tornou palavra de ordem nos pregões dos principais centros financeiros. Por aqui, não tem sido diferente. Somente neste mês, a perda de valor das ações encosta nos US$ 10 bilhões. É como se uma Companhia Vale do Rio Doce inteira (pelo seu valor de mercado) tivesse desaparecido. No último dia 22, as 409 empresas listadas na Bovespa valiam juntas US$ 136 bilhões. Em janeiro de 2001, o valor das empresas de capital aberto negociadas na Bolsa era de US$ 250 bilhões.
"A aversão ao mercado acionário não pára de crescer. Apesar de o fato de os papéis em Bolsa estarem baratos ser incontestável, não dá para dizer que os investidores voltarão motivados por isso", afirma o diretor financeiro do banco Santos, Clive Botelho.
Os escândalos de fraudes em balanços envolvendo grandes companhias dos EUA abalou drasticamente a confiança dos investidores, o que tem feito os mercados de ações em todo o mundo sofrerem. O terremoto que sacode o mercado financeiro internacional levou a Bovespa ao mais baixo nível em pontos desde agosto de 99. A queda da Bolsa acumulada no ano supera os 28%.
"Mesmo se o mercado externo se acalmar, a instabilidade vai continuar dominando a Bolsa local. A corrida eleitoral vai manter o mercado agitado nos próximos meses por aqui", avalia Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do banco Lloyds TSB.
A sangria dos investimentos estrangeiros na Bolsa ilustra esse momento ruim. O saldo negativo de investimentos estrangeiros acumulado no ano é de R$ 587 milhões no ano. Apenas nos dez primeiros dias do mês, saíram R$ 195 milhões. "Se os investidores estão com medo até de aplicar recursos no mercado norte-americano, imagine aqui. Não vão ser os investidores estrangeiros que vão ajudar na recuperação da Bovespa", disse Thomazoni



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