São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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PREVISÃO SOMBRIA

Consumo fica estagnado e desemprego só deve cair em 10 anos

Bird vê Argentina no sufoco até 2004

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O Bird (Banco Mundial) prevê que a população argentina deverá esperar pelo menos até 2004 para que a economia comece a dar sinais claros de recuperação. No caso do mercado de trabalho, a estimativa é ainda mais desanimadora: o desemprego só vai baixar em 10 anos.
"No mercado interno prevalecerá a falta de confiança e não vejo os argentinos gastando muito mais em dois anos. Não haverá recuperação do consumo até 2004", disse a representante do Bird para Argentina, a canadense Myrna Alexander.
Ela também afirmou que o país ainda não encontrou um piso para a recessão que perdura há quatro anos e que a economia continuará em queda no curto prazo.
A deterioração econômica também vai impossibilitar a recuperação dos indicadores sociais do país, que apontam para um nível de desemprego de 22% a 23% e um índice de pobreza que atinge 51,4% da população.
"Um pobre vai continuar sendo pobre por muitos anos. Vejo uma lenta reativação do emprego, mas não vejo a desocupação baixando muito na próxima década."
Ela responsabilizou as políticas adotadas pelo ministro Roberto Lavagna (Economia) pelas projeções pessimistas.
"O projeto de desenvolver setores da economia com alto nível de valor agregado, como a indústria pesada e o setor automotivo, não representam a solução para o problema de emprego da Argentina e de nenhum outro país."
Para Myrna, o país deveria investir na produção de commodities, serviços, turismo, mineração e softwares, que "são os setores que criam mais emprego".
Assim como o FMI (Fundo Monetário Internacional), a comissão de quatro "notáveis" estrangeiros que está na Argentina também atacou o projeto de dolarização do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).
Em reunião com parlamentares argentinos, o ex-presidente do Banco Central alemão, Hans Tietmeyer, recomendou que o governo não caia na "armadilha" da dolarização.
Os economistas insistem nas mesmas exigências já defendidas pelo FMI: reforçar a independência do BC, deixar de emitir bônus provinciais, estabelecer uma meta monetária para a impressão de pesos e elaborar uma saída gradual para o "corralito" (nome dado às restrições ao saque bancário impostas em dezembro).



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