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DOSE HOMEOPÁTICA
Juros seguem altos para o setor produtivo, revela estudo
Para empresas, custo dos empréstimos quase não cai
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas ainda vão pagar
caro se necessitarem de recursos
no mercado. A redução da taxa de
juros, anunciada ontem pelo governo, cria só um "alívio quase insignificante" para as contas do setor privado, disse Miguel Ribeiro
de Oliveira, vice-presidente da
Anefac (Associação Nacional dos
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
A taxa média para as companhias captarem recursos de bancos, por exemplo, deve ficar agora
em 5% ao mês (80% ao ano, contra Selic de 24,5%). Antes da redução de 1,5 ponto percentual anunciada ontem pelo BC, a taxa mensal era de 5,12%, em média, informa levantamento da Anefac.
Na maioria das modalidades
(desconto de duplicatas, cheque
especial para companhias, entre
outros), a queda média dos juros,
ao mês, deverá ser de 0,1 ponto
percentual. Exemplo: se a empresa necessitar de recursos urgentes
para capital de giro, por exemplo,
ela deverá pagar 4,47% ao mês
agora. No mês passado, a taxa era
ligeiramente maior, 4,57%.
Se a empresa tiver de entrar no
cheque especial, possivelmente
arcará com juros de 5,92% ao
mês. Antes do corte da taxa básica, esse percentual era de 6,02%
ao mês.
O tamanho da conta
Por meio de uma simulação calculada pela Anefac, a pedido da
Folha, é possível ver o tamanho
do impacto da redução nas taxas
nas contas das empresas.
Um empréstimo de R$ 1 milhão
-realizado para aumentar o capital de giro de uma companhia- vai custar, ao final de um
ano, cerca de R$ 1,690 milhão.
O mesmo recurso (R$ 1 milhão)
obtido antes do corte anunciado
ontem custava para a empresa R$
1,709 milhão. O cálculo é feito para uma captação com vencimento
em 12 meses.
O empréstimo ainda pode ser
feito no exterior, por meio de captações com bancos em outros países. As companhias brasileiras de
grande porte têm pago taxas de
3% a 6% ao ano, dependendo das
características da captação (prazo
de vencimento, risco de inadimplência, porte da empresa etc).
Com uma taxa de 6% ao ano,
por exemplo, a companhia pagará no exterior, pelo mesmo R$ 1
milhão emprestado, bem menos.
Será R$ 1,060 milhão ao final de
um ano. Bancos japoneses e alemães têm, aos poucos, liberado linhas de crédito para empresas
brasileiras.
Mas há uma questão relevante.
No último trimestre, apenas empresas de primeira linha, ou seja,
fortemente exportadoras e em
crescimento, conseguiram recursos no exterior a taxas baixas.
Além disso, há um ponto a ser
considerado, informam os economistas. Nem sempre a redução na
taxa de juros -calculada em levantamentos por entidades-
ocorre na prática.
Essa queda de 0,1 ponto percentual em algumas operações de
crédito pode nem mesmo chegar
ao setor privado. Mas também
nada impede que seja maior do
que isso.
Tudo depende da posição a ser
tomada pelos bancos. Ontem, as
instituições informaram que ainda devem discutir o tema.
Apenas as financeiras, que oferecem crédito para compras a
prazo em lojas, disseram que podem repassar a queda.
Na última redução nas taxas de
juros anunciada pelo governo
-de 0,5 ponto percentual, em junho-, houve uma pequena redução nas taxas cobradas pelos
bancos às empresas. Mas em poucas instituições. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, reduziu a taxa para empréstimos para
capital de giro na época. O banco
Itaú também promoveu cortes e
afirmou que a idéia era continuar
a repassar eventuais novas reduções ao mercado.
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