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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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Para Wall Street, BC foi conservador

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Analistas americanos acreditam que o Banco Central brasileiro tenha agido de maneira conservadora ao cortar a taxa básica de juros em um ponto percentual e meio. Mas acham que a opção feita pela instituição é a correta neste momento.
"Está claro que o BC está inclinado a ser conservador. Acho que eles poderiam ter feito até mais que isso, mas estão cautelosos. Penso que são prudentes e continuam a melhorar sua credibilidade", diz Jose Maria Barrionuevo, diretor de pesquisa para América da Barclays Capital.
"Houve uma grande queda da inflação, e eles têm que conservar esses ganhos. Estão sendo conservadores, baixando o que puder sem arriscar os ganhos. A decisão foi perfeita", afirma John Welch, diretor de pesquisa para América Latina do banco WestLB. Em sua opinião, a deflação registrada pelo IPCA-15, divulgado ontem, é temporária.
"Sei que algumas pessoas esperavam mais. Acho, porém, que o banco mostrou que quer se mover devagar, mas com segurança. É uma posição razoável. Eles cortaram dois pontos nas últimas cinco semanas. Estão certamente na direção certa", diz Timothy Kearney, diretor da Bear Stearns para mercados emergentes.
A Moody's, única das três grandes agências de risco a não melhorar a classificação do Brasil neste ano, foi mais cautelosa. "Entendemos que o governo é extremamente capaz no que faz. Mas é fato que as taxas de juros no Brasil seguem muito altas. A economia se beneficiaria com taxas mais baixas", afirma Luiz Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente da agência.

Além de Wall Street
O anúncio feito ontem pelo Banco Central brasileiro teve boa repercussão também fora de Wall Street.
"A decisão atinge um bom meio-termo entre reagir ao declínio da inflação e continuar a fortalecer a estabilidade macroeconômica, que é essencial para haver crescimento sustentado no Brasil", diz Mohamed El-Erian, gerente de portfólio da Pimco.
Os analistas acreditam que o Banco Central vá seguir baixando as taxas de juros até o fim do ano -inclusive na reunião do mês que vem. Welch, do WestLB, espera que o corte seja semelhante ao de ontem.
Já Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes do banco Goldman Sachs, aponta que o tamanho da queda depende do uso que o BC optar por fazer de outros instrumentos monetários. "Certamente haverá uma redução do compulsório, talvez na próxima reunião, e também um corte adicional da Selic", diz.


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