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Para Wall Street, BC foi conservador
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Analistas americanos acreditam
que o Banco Central brasileiro tenha agido de maneira conservadora ao cortar a taxa básica de juros em um ponto percentual e
meio. Mas acham que a opção feita pela instituição é a correta neste
momento.
"Está claro que o BC está inclinado a ser conservador. Acho que
eles poderiam ter feito até mais
que isso, mas estão cautelosos.
Penso que são prudentes e continuam a melhorar sua credibilidade", diz Jose Maria Barrionuevo,
diretor de pesquisa para América
da Barclays Capital.
"Houve uma grande queda da
inflação, e eles têm que conservar
esses ganhos. Estão sendo conservadores, baixando o que puder
sem arriscar os ganhos. A decisão
foi perfeita", afirma John Welch,
diretor de pesquisa para América
Latina do banco WestLB. Em sua
opinião, a deflação registrada pelo
IPCA-15, divulgado ontem, é temporária.
"Sei que algumas pessoas esperavam mais. Acho, porém, que o
banco mostrou que quer se mover devagar, mas com segurança.
É uma posição razoável. Eles cortaram dois pontos nas últimas
cinco semanas. Estão certamente
na direção certa", diz Timothy
Kearney, diretor da Bear Stearns
para mercados emergentes.
A Moody's, única das três grandes agências de risco a não melhorar a classificação do Brasil neste
ano, foi mais cautelosa. "Entendemos que o governo é extremamente capaz no que faz. Mas é fato que as taxas de juros no Brasil
seguem muito altas. A economia
se beneficiaria com taxas mais
baixas", afirma Luiz Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente da
agência.
Além de Wall Street
O anúncio feito ontem pelo
Banco Central brasileiro teve boa
repercussão também fora de Wall
Street.
"A decisão atinge um bom
meio-termo entre reagir ao declínio da inflação e continuar a fortalecer a estabilidade macroeconômica, que é essencial para haver crescimento sustentado no
Brasil", diz Mohamed El-Erian,
gerente de portfólio da Pimco.
Os analistas acreditam que o
Banco Central vá seguir baixando
as taxas de juros até o fim do ano
-inclusive na reunião do mês
que vem. Welch, do WestLB, espera que o corte seja semelhante
ao de ontem.
Já Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes
do banco Goldman Sachs, aponta
que o tamanho da queda depende
do uso que o BC optar por fazer de
outros instrumentos monetários.
"Certamente haverá uma redução
do compulsório, talvez na próxima reunião, e também um corte
adicional da Selic", diz.
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