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Mudança cambial pode trazer mais investimentos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fim da cobertura cambial nas exportações está
sendo apresentado pelo governo como uma questão
meramente técnica, que reduz a burocracia e os custos
no comércio exterior.
Mas a decisão representa,
na verdade, mais um passo
no processo de liberalização
do mercado de câmbio, que
teve início no Brasil na década de 80.
Isso significa que o governo facilitará a entrada e a saída de capital estrangeiro. Entre as vantagens dessas mudanças, estaria o aumento
dos investimentos, por
exemplo. Os defensores da liberdade cambial argumentam que o excesso de regras
eleva o custo das transações
e afugenta o estrangeiro, que
quer ter a certeza de que poderá retirar seu dinheiro do
país quando quiser.
E, quanto menor o investimento numa economia, menor seu crescimento, porque
o aumento da procura por
bens e serviços precisa ser
acompanhado de maior oferta de produtos para evitar
pressões inflacionárias.
"A rigidez da legislação
cambial brasileira é um entrave à nossa competitividade. Já passou da hora de mudar", diz o economista Roberto Giannetti da Fonseca,
diretor de Comércio Exterior da Fiesp.
Mas o avanço na abertura
para o capital estrangeiro
não traz apenas vantagens.
Entre os custos, está uma
maior exposição a crises internacionais. No caso específico do fim da cobertura
cambial, o professor Paulo
Nogueira Batista Jr., da FGV
(Fundação Getulio Vargas) e
colunista da Folha, diz que o
dinheiro deixado pelos exportadores no exterior pode
ser usado em ataque especulativo contra o real.
"As decisões cambiais não
serão tomadas por motivos
patrióticos. O fim da cobertura cambial não deve afetar
a economia brasileira agora,
já que os juros estão altos e
há abundância de dólares.
Mas, numa crise, não é difícil
imaginar que os exportadores podem usar isso [os recursos depositados no exterior] para se mover contra a
moeda nacional."
O primeiro ensaio de liberalização do câmbio no Brasil foi a criação do "dólar turismo", quando o Banco
Central permitiu a livre negociação da moeda americana em operações de baixo valor, como viagens.
Em 1990, o "dólar oficial",
que era usado nas exportações, importações e investimentos, foi substituído por
um mercado de taxas livres
regulado pela oferta e demanda -embora o BC, até
1999, atuasse ativamente para administrar as cotações.
Em 2005, o BC fez mais
mudanças nas regras. A principal foi a eliminação dos limites para envio de moeda
estrangeira ao exterior e o
fim das contas CC5, que serviam como canal para a remessa de dólares.
(LP e SDA)
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