São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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Mudança cambial pode trazer mais investimentos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fim da cobertura cambial nas exportações está sendo apresentado pelo governo como uma questão meramente técnica, que reduz a burocracia e os custos no comércio exterior.
Mas a decisão representa, na verdade, mais um passo no processo de liberalização do mercado de câmbio, que teve início no Brasil na década de 80.
Isso significa que o governo facilitará a entrada e a saída de capital estrangeiro. Entre as vantagens dessas mudanças, estaria o aumento dos investimentos, por exemplo. Os defensores da liberdade cambial argumentam que o excesso de regras eleva o custo das transações e afugenta o estrangeiro, que quer ter a certeza de que poderá retirar seu dinheiro do país quando quiser.
E, quanto menor o investimento numa economia, menor seu crescimento, porque o aumento da procura por bens e serviços precisa ser acompanhado de maior oferta de produtos para evitar pressões inflacionárias.
"A rigidez da legislação cambial brasileira é um entrave à nossa competitividade. Já passou da hora de mudar", diz o economista Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de Comércio Exterior da Fiesp.
Mas o avanço na abertura para o capital estrangeiro não traz apenas vantagens. Entre os custos, está uma maior exposição a crises internacionais. No caso específico do fim da cobertura cambial, o professor Paulo Nogueira Batista Jr., da FGV (Fundação Getulio Vargas) e colunista da Folha, diz que o dinheiro deixado pelos exportadores no exterior pode ser usado em ataque especulativo contra o real.
"As decisões cambiais não serão tomadas por motivos patrióticos. O fim da cobertura cambial não deve afetar a economia brasileira agora, já que os juros estão altos e há abundância de dólares. Mas, numa crise, não é difícil imaginar que os exportadores podem usar isso [os recursos depositados no exterior] para se mover contra a moeda nacional."
O primeiro ensaio de liberalização do câmbio no Brasil foi a criação do "dólar turismo", quando o Banco Central permitiu a livre negociação da moeda americana em operações de baixo valor, como viagens.
Em 1990, o "dólar oficial", que era usado nas exportações, importações e investimentos, foi substituído por um mercado de taxas livres regulado pela oferta e demanda -embora o BC, até 1999, atuasse ativamente para administrar as cotações.
Em 2005, o BC fez mais mudanças nas regras. A principal foi a eliminação dos limites para envio de moeda estrangeira ao exterior e o fim das contas CC5, que serviam como canal para a remessa de dólares. (LP e SDA)


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