São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Investimento estrangeiro supera US$ 20 bi

Com o impulso de fusões e aquisições no país, resultados no 1º semestre e no mês passado bateram recordes, aponta BC

Negócios como a compra de ações da Arcelor Brasil pela siderúrgica Mittal influíram nos dados de junho, quando houve entrada de US$ 10,3 bi

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Impulsionado pelo processo de fusões e aquisições em alguns setores da economia, o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil chegou a US$ 10,318 bilhões no mês passado. Trata-se do maior valor já registrado pela série estatística do Banco Central, que tem início em 1947.
O resultado de junho equivale a quase todo o saldo acumulado entre janeiro e maio deste ano, de US$ 10,546 bilhões.
No acumulado de 2007, até junho, os investimentos estrangeiros diretos no país somam US$ 20,864 bilhões, um aumento de 182,5% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 7,385 bi). Também é o maior valor já observado pelo Banco Central nesse período.
Embora o BC não informe dados mais detalhados sobre esse resultado, informações do mercado financeiro indicam que metade do fluxo do mês passado se refere à compra da filial brasileira da siderúrgica Arcelor pela indiana Mittal.
Em junho, para completar a fusão das duas multinacionais em todo o mundo, a Mittal fez uma oferta para comprar a participação que acionistas brasileiros tinham na Arcelor, numa operação de aproximadamente US$ 5 bilhões que inflou os dados de investimentos estrangeiros apurados no mês.
Além disso, transações um pouco menores, como a venda da Serasa para o grupo irlandês Experian e a injeção de capital do Deutsche Bank no Unibanco, afetaram as estatísticas de junho pelo país em pouco mais de US$ 2 bilhões.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, as fusões e aquisições cada vez mais freqüentes no mundo corporativo devem continuar a influenciar o fluxo de investimentos para o Brasil. "É um movimento comparável ao das privatizações", afirma, numa referência aos dólares que o país recebeu de estrangeiros interessados em adquirir o controle de empresas estatais.
O BC contava com o ingresso de US$ 25 bilhões em investimentos ao longo de 2007, mas deve rever esse valor depois do inesperado resultado de junho.
Apesar dos recordes registrados até agora, os investimentos diretos ainda não são a principal fonte de dólares do Brasil neste ano, posto que ainda pertence aos capitais de curto prazo. Entre janeiro e junho, o país recebeu US$ 46,451 bilhões em empréstimos com prazo de vencimento inferior a um ano -mais que o dobro, portanto, do total de recursos direcionado ao setor produtivo.

"Bons fundamentos"
Mas, mesmo considerando a distorção que algumas operações isoladas causaram nos dados do mês passado, as perspectivas para o fluxo de investimento estrangeiro para o Brasil são positivas. Para Tomás Goulart, economista da Modal Asset Management, os bons fundamentos da economia devem continuar atraindo investidores de fora do país.
"O ambiente externo é favorável. E o país está crescendo mais, com inflação sob controle e mais próximo do "investment grade'", afirma, numa referência à expectativa de uma melhora na nota atribuída ao Brasil por agências internacionais de classificação de risco.
Goulart afirma que a situação é razoavelmente tranqüila não só nos dados de investimentos mas nos números das contas externas como um todo.
No mês passado, a conta de transações correntes -que contabiliza a compra e a venda de bens e serviços com outros países- ficou positiva em US$ 696 milhões, puxando o saldo acumulado neste ano para R$ 4,383 bilhões. O valor representa um crescimento de 58,6% em relação ao primeiro semestre do ano passado.


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